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Interferência, Interlíngua e Fossilização

Ricardo E. Schütz
Atualizado em 4 de dezembro de 2018

As English becomes the chief means of communication between nations, it is crucial to ensure that it is taught accurately and efficiently, ...

In the absence of a good target language model, the result may be a terminal classroom pidgin.

When fluency is emphasized at the expense of accuracy, the result may also be a terminal classroom pidgin.

Em linguística e, mais especificamente no estudo do aprendizado de línguas, o conceito de interlíngua é sempre estudado em paralelo aos conceitos de interferência e fossilização.

Transferência é o aproveitamento de habilidades linguísticas prévias no processo de assimilação de uma língua estrangeira. Ocorre predominantemente entre línguas com alto grau de semelhança.

Interferência é a ocorrência de formas de uma língua na outra, causando desvios perceptíveis principalmente no âmbito da pronúncia, mas também do vocabulário, da estruturação de frases, bem como nos planos idiomático e cultural. A interferência é a principal causa da interlíngua e da fossilização.

Interlíngua é o sistema de transição criado pelo aprendiz, ao longo de seu processo de assimilação de uma língua estrangeira. É a linguagem produzida a partir do início do aprendizado, caracterizada pela interferência da língua materna, até o aprendiz ter alcançado seu teto na língua estrangeira, ou seja, seu potencial máximo de aprendizado.

Fossilização ou cristalização, refere-se aos erros e desvios no uso da língua estrangeira, internalizados e difíceis de serem eliminados. Ocorre quando o aprendizado se dá longe de ambientes autênticos da língua e da cultura estrangeira, sem contato com falantes nativos. Ocorre também quando o aprendizado se inicia tardiamente, já na idade adulta.

Interlíngua ao longo do aprendizado

A interlíngua se caracteriza pela interferência da língua materna. Formas da língua materna inevitavelmente aparecem no linguajar usado pelo aprendiz. A ocorrência e a persistência de interlíngua é significativamente maior em adultos do que em crianças. De acordo com Harpaz, aquele que aprende uma segunda língua, além de ter que executar sequências de operações mentais (estruturar a idéia) e motoras (articular sons) novas, precisa também evitar os velhos hábitos da língua materna. As operações relativas à língua mãe estão profundamente enraizadas pela prática constante, sendo por isso muito difíceis de serem evitadas. Por esta razão, adultos aprendizes de línguas estrangeiras acham muito difícil não cair nas formas da língua materna, tanto nas operações motoras de pronúncia quanto nas operações mentais de estruturação das idéias em frases. Para uma criança, este problema é muito menor porque seus hábitos linguísticos não se encontram tão desenvolvidos e enraizados.

Dependendo da intensidade de exposição à língua estrangeira, bem como do modelo de performance a que o aprendiz estiver exposto, sua interlíngua será mais ou menos acentuada, isto é, apresentará um maior ou menor grau de interferência da língua materna, como mostra o gráfico acima.

Se a intensidade de exposição à língua estrangeira for insuficiente, a interlíngua persistirá por mais tempo, causando uma tendência maior à fossilização dos desvios. Isto porque as necessidades de comunicação na língua estrangeira enfrentadas pelo aprendiz podem exigir uma frequente produção de linguagem imprecisa, que se não for contrabalançada e sobrepujada por input autêntico, acabará causando uma internalização prematura de formas da interlíngua, isto é, a fossilização dos desvios que a caracterizam.

Além disso, se o modelo de performance da língua estrangeira não for autêntico, isto é, se o professor não tiver um nível de proficiência equivalente à de um nativo, o aprendiz já estará assimilando desvios que caracterizam a interlíngua, causando uma tendência maior à fossilização dos mesmos.

Assim como um artista precisa de um modelo real constantemente ao alcance de seus olhos para captar as formas, luzes e cores da realidade que procura retratar, assim o aluno precisa de um ambiente autêntico de língua e cultura estrangeira para uma assimilação mais pura. A afinação de um instrumento nunca será perfeita se o diapasão já estiver desafinado.

Conclusões

Interlíngua Português > Inglês (Error Analysis)

A interlíngua criada por brasileiros que estudam inglês como língua estrangeira, que em linguagem comum se chamaria de "inglês aportuguesado", tem características próprias. Através de um estudo comparativo das duas línguas, e através da análise dos erros comumente praticados por falantes nativos de português, pode-se explicar e prever esta interferência. Um estudo desta natureza deve abranger pelo menos três áreas: pronúncia, vocabulário e sintaxe.

Sobre interferência na pronúncia, veja:

Sobre interferência no vocabulário, veja:

Sobre interferência na sintaxe (estruturação gramatical), veja:

Além destes três aspectos linguísticos que causam interferência entre diferentes línguas e devem ser analisados, existem também diferenças culturais que podem causar interferência negativa. Veja:

Estudos comparativos semelhantes podem ser feitos para quaisquer idiomas.

Bibliografia

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Schütz, Ricardo E. "Interlíngua e Fossilização" English Made in Brazil <https://www.sk.com.br/sk-interfoss.html>. Acessado em (data do acesso).