English Made in Brazil
---------     E  D  U  C  A  T  I  O  N  A  L     S  I  T  E    ----------
 ----------------------------------------------------------------------------------
Schütz & Kanomata - ESL
NATIVE SPOKEN ENGLISH
  PATROCINADOR 
 

ARQUIVO 5 - PERGUNTAS E RESPOSTAS DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 98
Este foro é aberto ao público. Todos são convidados a perguntar, questionar, divergir, opinar, ou esclarecer. Mande suas consultas e opiniões para um dos endereços abaixo e nós responderemos com brevidade. As mensagens inteligentes e de interesse geral, juntamente com as respostas, serão publicadas com o nome do autor.

As opiniões aqui emitidas não são de responsabilidade dos patrocinadores deste site.

Conheça aqui a equipe do English Made in Brazil

Q #181: Congratulations! Your Web Site is pretty good! I have noticed that some words have the same pronunciation and different spelling. Do you know where I can find more information about this subject? Thanks. "Helen Pessoni" <helen*arbtinformatica.com> Dec 28, 98
 
A: Dear Helen,
Thank you for visiting our web site. Words with identical or very similar pronunciation, but different spelling and meaning, are called homophones (palavras homófonas).
If you type homophone on Google or AltaVista, you will find a number of sites about the subject. One of these we have downloaded recently: Homophones. You can also look for The Dictionary of British and American Homophones (Stephen N. Williams, Brookside, 1987), which lists some 12,000 homophones.
Regards, Ricardo - EMB

Q #180: O sistema de franquia para o ensino de línguas
O que é que vcs. acham do ensino de línguas através do sistema de franquias? Elsa <arribaelsa*viavale.com.br> Dec 23, 98
 
A: Prezada Elsa,
Vemos o sistema de franquia para línguas estrangeiras com reservas, uma vez que não acreditamos em ensino padronizado e vendido em pacote. Padronização não combina com educação. Toda e qualquer sistematização ou padronização, acaba se tornando um dispositivo de contenção capaz de aprisionar o pensamento e tolher a criatividade. Submeter um instrutor hábil ou um aluno com talento a uma marcha predeterminada de Livro 1, Livro 2 ..., é equivalente a um ato de castração. Acreditamos, isto sim, na língua estrangeira como habilidade adquirida através de situações reais de interação humana e de convívio multicultural.
Não acreditamos tampouco no mercantilismo como força propulsora de um bom ensino de línguas, mas sim na vocação e na habilitação acadêmica.
Deixem o sistema de franquia para pizzas e hamburgers.
Atenciosamente, Ricardo - EMB

Q #179: Dr. Ricardo,
Aqui é o Roberto Hashizume. Li seu artigo sobre o aprendizado de línguas e uma coisa me encucou. Segundo o artigo, só é possível adquirir absoluta proficiência em outra língua até uma certa idade? Depois desta idade, é muito raro alguém conseguir falar sem sotaque? Como já disse antes, pretendo ser professor, mas se não conseguir falar sem sotaque, fica difícil de ensinar as crianças não é verdade? "ROBERTO HASHIZUME" <marie*iws.com.br> Dec 17, 98
 
A: Prezado Roberto,
Sotaque (ou acento, como estão começando a dizer) é uma palavra que abrange um sentido muito genérico.
Em primeiro lugar, eu não conheço no vocabulário do português palavras para diferenciar accent de foreign accent. Accent seria a característica fonética do dialeto de uma região. Por exemplo: gaúchos, cariocas e baianos, todos são falantes nativos de português, porém falam com diferentes accents.
Foreign accent vem a ser aquele desvio de quem fala uma língua que não a sua língua materna. Esse desvio é perceptível no plano fonético e normalmente vem acompanhado de desvios no plano idiomático e gramatical. É a interferência da língua mãe na língua alvo, normalmente considerada indesejável. Esta interferência da língua materna sobre a língua alvo pode alcançar vários graus e se manifesta em vários aspectos da pronúncia. Desvios ocorrem na reprodução de fonemas (ex: /kawntry/ em vez de /kântry/ para country), na acentuação tônica das palavras (ex: /kôntrol/ em vez de /kantrôl/ para control), e também no ritmo e na entonação frasal.
O grau de foreign accent vai desde um leve desvio na pronúncia de um ou outro fonema, até um grau de distorção comprometedor do entendimento. Normalmente, uma pessoa que imerge na língua e na cultura estrangeira até os 12/15 anos, alcança um nível equivalente ao de língua materna, isto é, sem sotaque (foreign accent). Até os 25/28, o teto ainda é muito alto e, dependendo de outros fatores, o aluno ainda pode alcançar um nível próximo ao de língua materna. Entretanto, idade não é o único fator que determina o ritmo e o teto de cada pessoa. Veja O que é talento?.
Considere também que foreign accent não é a única interferência indesejável. Pobreza idiomática e mesmo desvios gramaticais ou até mesmo falta de objetividade e integridade lógica podem ser interferências até mais comprometedoras.
Finalmente, você deve considerar que domínio absoluto sobre o idioma e a cultura não são os únicos requisitos para um bom instrutor. Existem as qualidades no plano psicológico que são altamente desejáveis. Veja O que é um bom instrutor?.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #178: Hi Schütz. Please tell me, just between the two of us, do you really like to do this? I'm referring to your question and answer section. I mean, I sometimes go through this situation; I teach a few teachers of English and they come to me with endless lists of questions they have. When I'm able to answer all of them, it's all right. When I can't, but there's only a few ones left to look up for next class, I don't mind. But when I'm unable to answer quite a few (posso dizer isso?) I get sort of upset, because I know it means a lot of work. OK, I think the point is that we're talking about answers which won't be found in dictionaries (of which I have a reasonable number); a helpless task. And you have walking and living dictionaries there, with whom you can discuss the differences and get to the 100% correct answer. I'd like to have my own native speaker, on my shelf. This is all just to say that I'm sorry if I'm bothering you with so many questions. Please let me know if such thing happens. Até que reclames, aqui vai mais uma:
Just between the two of us. - Cá entre nós. (mas apenas para duas pessoas). E se for cá entre nós para mais pessoas?
"inga penglish" <penglish*lj.conex.net> Dec 16, 98
 
A: Hi Ingrid,
You can say: "just between us". I would think twice however before using it in the above paragraph. It's not much more than a Portuguese commonplace; a weary expression that adds little to the meaning. An e-mail message is always a private exchange between two people. Even if you are chatting with a friend and there is nobody around listening, you don't need it. And if there were somebody listening, you still would not use it to avoid being impolite. We have a tendency to allow the forms of our mother tongue to rule the way we think and thus we get easily stuck to forms rather than contents.
What I see in the questions we get is the opportunity to teach concepts. The satisfaction of breaking monolingual preconceptions and native-language habits causing negative interference outweighs the efforts to look for a satisfactory answer.
Regards, Ricardo - EMB
Q #177: Hi, I lived one year in the US, and I'm a fluent English speaker. Nevertheless, I have a hard time on writing formally. I always struggle with essays and such things. One of the things that I just don't know how to use, regards on the proper usage of the suffixes _hood and _ness. Why is it correctness instead of "correcthood", and childhood instead of "childness"? What's wrong with "fakehood"? Why falsehood? Is there a grammar rule for using the suffix _hood instead of _ness, or is it just something that comes naturally for native English speakers? Thanks and best regards. Rafael Anschau <anschau*cpovo.net> Dec 12, 98
 
A: Prezado Rafael,
You are absolutely correct when you infer that awareness over grammatical and ungrammatical forms is natural to native speakers.
Nada melhor do que olhar para nossa língua materna para melhor entender o fenômeno das línguas humanas e a incompatibilidade das mesmas com a nossa curiosidade intelectual:
Os exemplos acima mostram vários tipos de sufixos do português usados para formação de substantivos. Mesmo que houvesse uma regra ou qualquer tipo de explicação lógica para o uso dos sufixos acima, eu lhe pergunto: qual a importância de tal regra? Ela nos foi em algum momento de alguma utilidade para adquirirmos nossa fluência em português?
Still, I don't want to leave you completely in the dark. We can say that both suffixes, _ness and _hood have the same function and meaning: they form nouns and denote a state or condition. We can also observe that while _ness is added primarily to adjectives (darkness) and is very productive (frequent occurrence), _hood is added primarily to animate nouns and is only mildly productive.
Thank you for visiting our web site and congratulations for your good English. Ricardo - EMB
Q #176:Como tornar-se um professor de inglês I
Prezado Dr. Ricardo Schütz: Meu nome é Roberto Hashizume, tenho 28 anos, formado em Administração de Empresas pela ESAN-SP. Meu nível de inglês é intermediário e tenho interesse de estudar nos EUA para me tornar professor de inglês, pois acredito que por ser o inglês uma língua universal, terei mercado para trabalhar em qualquer lugar do mundo. Sou aventureiro e gosto de liberdade. Me fascina a oportunidade de conhecer outros países e outras culturas.
Gostaria de saber qual seria o caminho, e quais os obstáculos que teria de ultrapassar para atingir o meu objetivo? Em quanto tempo estaria apto a dar aulas?
Gostaria de parabenizá-lo pelo excelente e seríssimo site, e futuramente, quem sabe, posso me associar à sua instituição que com certeza já tem a minha credibilidade. Obrigado. "ROBERTO HASHIZUME" <marie*iws.com.br> Nov 13, 98
 
A: Prezado Roberto,
Obrigado pela visita ao nosso site. Se você ler a página O que é um bom instrutor verá que existem vários graus de qualificação para um professor de inglês. Em primeiro lugar, você deve alcançar um nível de fluência equivalente a TOEFL 600 ou mais, e se familiarizar com a cultura dos países de língua inglesaa. A melhor maneira de alcançar isso, é viver nos EUA (ou Canadá, ou Inglaterra) durante dois anos no mínimo, e talvez estudar numa escola de ESL durante um período inicial.
A partir daí, você pode pensar em fazer um Certification em TESL (Teaching English as a Second Language) ou TEFL (Teaching English as a Foreign Language). Esses cursos de certification normalmente são de um semestre.
Se você quiser mais do que isso, deve pensar em um mestrado em TESL. Com fluência, boa pronúncia, e um mestrado em TESL, você facilmente consegue emprego como professor de inglês em qualquer parte do mundo.
Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #175: Antes de mais nada, quero agradecer e muito pelo apoio que este site vem dando a todos aqueles que têm interesse em aprender inglês e ou têm dúvidas sobre esse. E quero agradecer pelo esforço que vocês vêm fazendo para tentar responder a todas as dúvidas. Eu sou Elson, tenho 31 anos, faço faculdade de física e gostaria de saber TUDO o que vocês possam me dizer sobre mestrado nas EUA.
1- Gostaria de saber se existe limite superior de idade para ingresso.
2- Qual o mestrado mais barato que eu posso conseguir na área de física.
3- Gostaria de saber sobre mestrados na Nova Zelândia, Inglaterra e Austrália (as diferenças entre todos também).
Eu sei que você (Ricardo) estudou no Arizona, que por uma grande coincidência é o lugar para onde eu mais quero ir. Gostaria também de saber sobre aquela universidade onde você estudou lá. Sei que tem um bom programa para estudantes internacionais lá. Ricardo, eu espero respostas e acredito na competência que vocês têm demonstrado. "Elson B.Junior" <proteuss*hotmail.com> Nov 20, 98
 
A: Prezado Elson,
Em primeiro lugar, não existe absolutamente limite de idade para se estudar nos EUA. Quanto aos custos de seus estudos, eu diria que os mesmos dependem muito também do custo de vida da região. Além disso, o custo pode variar em função de seu aproveitamento, pois algumas universidades oferecem tuition waivers se o aluno tiver um rendimento excepcional. Isto quer dizer que se você estiver numa universidade menos competitiva, poderá se sobressair com mais facilidade e talvez se beneficiar de um tuition waiver.
Na sua área de especialização existem cerca de 280 universidades nos EUA que oferecem programas de mestrado e doutorado. Na minha opinião você deve fazer uma pré-seleção baseado na área da física em que você pretende concentrar seu estudo e sua pesquisa, e então avaliar os custos das opções que sobraram.
Estou lhe mandando como attachments 6 arquivos contendo uma descrição rápida de cerca de 300 programas de pós-graduação em física nos EUA, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia.
Para sua informação, nos EUA existem mais de 1500 instituições de ensino superior, um número cerca de 10 vezes maior do que no Canadá, 10 vezes maior do que no Reino Unido, 25 vezes maior do que na Austrália, e 100 vezes maior do que na Nova Zelândia.
Sobre o Estado do Arizona, posso lhe informar que existem duas grandes universidades estaduais: Arizona State University em Tempe (subúrbios de Phoenix) e University of Arizona em Tucson - pronunciado /tyúsan/. Ambas oferecem programas de mestrado e doutorado em física.
Não deixe de ler nossa página sobre mestrados e doutorados nos EUA.
Boa sorte e disponha sempre do nosso site.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #174: Por que "I" é maiúsculo? Gostaria de saber porque escrevemos o pronome pessoal inglês, I, com letra maiúscula. Seriam os ingleses egocêntricos a tal ponto? Obrigado, Marcos <leog*zaz.com.br> Nov 18, 98.
 
A: Prezado Marcos
Não é devido a uma egocêntrica falta de modéstia que o pronome da primeira pessoa do singular é maiúsculo em inglês, mas sim por razões de estética e funcionalidade. Na Idade Média as letras i e j eram usadas alternadamente, e foi provavelmente por uma questão de preferência paleográfica que o I maiúsculo acabou surgindo como a forma ortográfica mais usual para o pronome da primeira pessoa do singular.
Paleografia é o estudo da arte e da técnica da escrita e sua relação com a história da cultura humana.
Fonte bibliográfica: Quirk, Randolph, Sidney Greenbaum, Geoffrey Leech, and Jan Svartvik A Grammar of Contemporary English. Essex, UK: Longman, 1972.
Atenciosamente, Ricardo - S&K
Q #173: Olá: Gostaria que respondessem às minhas seguintes dúvidas:
1) Qual é o correto, "there is a lot of people" ou "there are a lot of people"?
2) É obrigatório o uso do _ing após a expressão "can't help"? Não se poderia usar o infinitivo neste caso?
"Marco de Pinto" <m_de_pinto*hotmail.com> Nov 17, 98
 
A: 1) "There are a lot of people" é o correto (principalmente dentro de uma visão restrita de gramática prescritiva), embora a outra forma seja de ocorrência comum no falar de nativos.
2) A expressão can't help é sempre seguida de gerúndio.
Ao contrário do português, em que um verbo só é seguido de outro no infinitivo, em inglês há verbos que são normalmente seguidos só de infinitivo, verbos que são normalmente seguidos só de gerúndio, e verbos que aceitam ambos. Essas situações correspondem ao que em português é classificado como orações subordinadas substantivas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. Ocorrem sempre que o verbo for transitivo direto (exigir um objeto direto como complemento), e a complementação é feita com o segundo verbo (no infinitivo ou no gerúndio) que tem como sujeito implícito, o mesmo sujeito do verbo principal.
b) Exemplos do segundo grupo (verb + gerund pattern) (subjectless gerund clause as direct object):
enjoy - He enjoys going to the movies.
dislike - I dislike making mistakes.
avoid - I can't avoid making mistakes.
consider - He considered buying a new car.
stop - Why don't you stop smoking?
quit - I quit smoking cigarettes.
finish - I've finished working overtime.
suggest - He suggested getting a job.
miss - I miss living abroad.
can't help - I can't help making mistakes.
can't stand - I can't stand making decisions.
have trouble - I have trouble getting up early.
give up - He's given up studying English.
mind - I wouldn't mind having a dog.
feel like - I feel like watching a movie tonight.
recall - I don't recall picking up the keys.
regret - They regret fooling around when they were students.
keep - You have to keep trying.
deny - He denied having stolen the money.
try (experimentar) - The teacher tried speaking louder.
remember (lembrar do passado) - I remember visiting my grandfather.
forget (esquecer do passado) - I'll never forget visiting my grandfather.
Atenciosamente,
Ricardo & Bert - EMB

Q #172: Speak, talk, say, tell
Professores do English Made in Brazil: Por favor me ajudem: Qual a diferença entre speak, talk, say, tell, dizer, falar, contar, conversar? Por que tanto verbo para dizer quase a mesma coisa? "Elsa" <arribaelsa*viavale.com.br> Nov 13, 98.
 
A: Prezada Elsa,
Cada cultura tem muitas palavras para aquilo que lhe é importante. Os japoneses, por exemplo, têm várias palavras para algas marinhas e os esquimós para neve. Não só nas nossas culturas ocidentais, mas na sociedade humana em geral, nada mais fundamental do que a habilidade de se comunicar. Não é portanto de se estranhar que haja muitas palavras para isso.

Para entender melhor as diferenças (muitas vezes sutis) entre os verbos que você citou, vamos classificá-los por área de significado:

 SIGNIFICADO
PORTUGUÊS
INGLÊS
EXEMPLOS
 ter habilidade lingüística 
falar
speak
He speaks English and French.
 transmitir informação
dizer, falar, contar, afirmar, relatar, avisar
say, tell, state, report
He said that he's not going to run for president.
He told the reporters he's not going to run for president.
He stated clearly that he's not going to run for president.
The government has reported a decline in the foreign debt.
 conversar, bater papo
falar, conversar, dialogar
speak, talk, chat
I spoke with my friends yesterday about the old times.
We talked all night about the old times.
He likes to chat with his old friends.

Veja aqui sobre a diferença gramatical entre say e tell.

Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #171: Eu gostaria de saber quais são as principais exceções na formação dos comparativos. E.g. good - better than - the best. Fala-se também na teoria relacionada a este assunto que na formação do comparativo existe uma diferenciação para adjetivos longos e curtos. Eu gostaria de saber qual é a regra para eu saber se um adjetivo é longo ou curto. Obrigado!
Thiago Ribeiro Mendes <thiagorm*projesom.com.br> Nov 11, 98.
 
A: Prezado Thiago,
     Temos 5 situações:
1) Adjetivos de uma sílaba:
      dark            darker          darkest
      tall              taller             tallest
      hot              hotter           hottest
      brave          braver          bravest
2) Adjetivos de três ou mais sílabas:
      interested     more interested     most interested
      frightening   more frightening   most frightening
3) Adjetivos de duas sílabas, terminados em _ful ou _re normalmente recebem more e most:
     useful           more useful           most useful
     obscure        more obscure        most obscure
4) Adjetivos de duas sílabas, terminados em _er, _y ou _ly, normalmente recebem _er e _est:
     clever        cleverer        cleverest
     pretty        prettier         prettiest
     friendly      friendlier      friendliest
5) Formas irregulares:
     good              better       best
     bad                worse       worst
     little               less           least
     many/much    more         most
     far                  farther      farthest (apenas para distância)
      -                     further      furthest
     old                  elder         eldest (apenas para pessoas)
      -                     older         oldest
Obrigado por sua visita e volte sempre.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #170: Boa Noite, consultei este endereço pela Internet e gostaria de obter maiores informações sobre os cursos de inglês em universidades públicas dos Estados Unidos. Tenho 26 anos, curso superior em direito. Agradeço desde já. Meu nome é Marcos Aurélio <muzokashi*zipmail.com.br> Nov 10, 98.
 
A: Prezado Marcos
Existe nos EUA mais de 560 universidades públicas. Dessas, muitas, talvez cerca de 50%, têm ESL departments, os quais são muito parecidos: oferecem cursos divididos em sessões de 8 ou 16 semana, acomodações nos dormitórios da universidade, e custam cerca de 300/400 dólares por semana (incluindo tudo). Todas são credenciadas a emitir o documento que dá ao estudante estrangeiro direito a obter o respectivo visto.
Além disso, existem Community Colleges e Public High Schools que em algumas áreas oferecem aulas de ESL grátis, duas vezes por semana, para imigrantes. Em outras áreas você também encontra gratuitamente aulas de ESL em bibliotecas públicas e igrejas, bem como grupos de estudos da bíblia. Essas opções, entretanto, não lhe patrocinam o visto de estudante.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #169: The Communicative Approach
What are the characteristcs of the communicative approach? I thank you in advance for your kind support. "Luciano G. Nachif" <nac*msinternet.com.br> Nov 8, 98.
 
A: Dear Luciano,
The Communicative Language Teaching, also called Communicative Approach or Functional Approach was the British version of the movement in the early 60s in reaction to the structuralism and behaviorism embodied in the audiolingualism then predominant.

The new directions in the theory of language aired by Chomsky and an increasing demand for language teaching among the countries of the European Common Market were the thrusting forces behind this method. The basic unit of language became not the sentence, but the communicative act. Function rather than form, and meaning rather than pattern determine the designing of materials. Communicative competence rather than grammatical competence is the goal. Language is tentatively subdivided in areas according to functionality.

In my opinion the CLT was an intelligent move towards a more humanistic and learner-centered approach, eventually leading to language acquisition through bicultural human interaction. It will be less effective however if it provides only the artificial role playing activities in a classroom setting.

O Communicative Language Teaching, também chamado Communicative Approach or Functional Approach, é a versão britânica do movimento iniciado no início da década de 60 em reação ao estruturalismo (estudo das formas da língua, de sua estrutura gramatical) e do behaviorismo (reflexos condicionados moldando o comportamento).

A combinação do estruturalismo na linguística e do behaviorismo na psicologia educacional haviam dado origem ao audiolingualism, os métodos audioorais e audiovisuais nos anos 50, baseados em repetição mecânica e até hoje praticados por muitos cursos de línguas no Brasil. A abordagem comunicativa então, inspirada pela nova teoria de linguística do norte-americano Noam Chomsky e pelas novas teorias de psicologia cognitiva de Piaget e Chomsky, motivada pela crescente demanda por métodos de ensino de línguas mais eficazes, surgiu como uma forte reação contra o audiolingualism.

Na abordagem comunicativa, a unidade básica da língua é o ato comunicativo, ao invés da frase. A função se sobrepõe à forma e significado e situações é que inspiram a planificação didática e a confecção de materiais. Competência comunicativa passa ser o objetivo em vez de conhecimento gramatical ou formas memorizadas.

Sem dúvida, a abordagem comunicativa representa uma evolução inteligente em direção a um ensino-aprendizado de línguas mais humano e centrado nos interesses do aprendiz. É a abordagem comunicativa que inspira os métodos hoje mais eficazes. Serão entretanto menos eficazes esses métodos se limitarem-se a atividades tipo role-play artificializadas em sala de aula. Serão mais eficazes se proporcionarem assimilação natural através de interação humana, de situações reais de comunicação em ambientes multiculturais.

Regards, Ricardo - EMB
Q #168: Cursos de inglês on-line
Professores do English Made in Brazil: O que vocês acham dos cursos de inglês pela Internet? "Elsa" <arribaelsa*viavale.com.br> Nov 8, 98.
 
A: Prezada Elsa,
Brincando, poderíamos dizer que aprender inglês pela Internet é equivalente a fazer sexo por telefone. Isto porque não oferece o fundamental que é o contato humano, interação criativa. Talvez no futuro, quando pudermos facilmente nos comunicar em viva-voz e tempo real com pessoas do mundo, quando a Internet servir como meio de convívio, numa versão melhorada e mais barata do que hoje existe, poderá ser de maior utilidade, mas ainda assim não substituirá plenamente o contato real.
Domínio sobre línguas estrangeiras não é fruto de informações a respeito da língua, acumuladas na memória, mas sim de habilidade desenvolvida no convívio humano, fruto de interação criativa em ambientes da língua e da sua cultura. Um computador com Internet não é e nunca será uma pessoa com a qual possamos conversar e vivenciar situações reais. Por enquanto, computadores com Internet constituem-se unicamente num instrumento, num veículo que carrega informações, assim como livros, fitas cassete e videotapes. Representam apenas um complemento interessante quando você dispõe de tempo. Servem também como alternativa rápida e barata para a troca de correspondência escrita.
Se quiser conhecer, experimente o Englishlive, o Globalenglish, o Parlo, o Livemocha ou ainda qualquer outro dos muitos gratuitos. Cuidado entretanto nos sites gratuitos quando lhe for exigido que se cadastre para receber maiores informações. Seu endereço certamente acabará em uma ou mais listas de destinatários para mensagens comerciais, e sua caixa postal acabará entupida de mensagens não solicitadas.
Finalmente, quando tiver se convencido que não é esse o caminho para um aprendizado completo, aceite nossa recomendação e procure uma escola que ofereça um centro de convívio multicultural, um bom professor ou faça um curso no exterior.
Ricardo - EMB
Q #167: How do you say CORNO and BROXA in English?
Thanks a lot! Juliano da Costa Murad <jlmurad*yahoo.com> Nov 1, 98.
 
 A: Dear Juliano,
There is a word for CORNO in English - cuckold - but it does not have the same usage and connotation as the Portuguese word. It's more literary and not colloquial at all. It's the kind of word that 6 or 7 out of 10 native speakers never heard.
Once an American friend of mine asked me about the meaning of CORNO and I, kind of smiling, explained that it referred to the husband of an unfaithful wife. He thought it didn't make a lot of sense and didn't think it was funny. He said that according to his understanding the man should not be automatically blamed for his wife's unfaithfulness. He said that rather than calling the man something, he would call the woman a slut or a tramp.
In the American culture the possibility of any male sexual dysfunction is not regarded with so much interest as in the Latin culture. Therefore, there is not an equivalent for the word BROXA, with its funny and offensive connotation. There is only the word impotent, which is not used as a curse. Different languages reflect different cultures and environments. In the Eskimo language there are close to 20 different words for snow, because they live in it and perceive differences. Even when the facts are the same, the interpretation can be different.
Learning a language is complete only with the learning of the culture it belongs to.
Regards, Ricardo - EMB
Q #166: Dear English Made in Brazil teachers, I would like to know the meaning of THY, which is used in sentences such as “Our father, who art in heaven, hallowed by THY name…” and the other is THEE, which is used in the following sentence: “Hail Mary, full of grace, the lord is with THEE. Thank you very much and congratulations for the terrific job you have done on teaching people the English language and mainly for showing all that information for free on the Internet, which is really wonderful. Enio Marcio <teqsrs*yahoo.com> Nov 1, 98
 
 A: Prezado Enio
     Thou = you (subject pronoun)
     Thy = your (possessive adjective)
     Thee = you (object pronoun)
Por exemplo: You have your books with you. = Thou have thy books with thee (Tu tens teus livros contigo).
Essas são formas pronominais arcaicas, que correspondem à segunda pessoa do singular. Eram usadas desde o século 12 até o século 16 para dirigir-se a pessoas com um grau maior de intimidade ou a pessoas de nível social inferior. Foram adotadas por grupos religiosos como forma de tratamento universal, de acordo com sua crença na igualdade de todos perante Deus.
Obrigado por sua visita ao nosso site.
Atenciosamente Ricardo - EMB
Q #165: Por gentileza qual o significado da palavra beatles? O Webster diz não existir a palavra. A mais próxima é beetles que significa besouros. Existem traduções em português da história dos Beatles que indicam o sentido de besouros (beetles) gostaria de um esclarecimento sobre esta questão. Aproveito para elogiar o site de vocês que já incluí nos meus favoritos. Será possível encontrar free dowloads sobre dicionários inglês português? Antônio Guimarães Bacelar e Letícia Victor Martins Bacelar <bacelar*microplanet.com.br> Oct 25, 98.
 
 A: Prezados Antônio e Letícia
Beatles não é uma palavra do vocabulário inglês, apenas um nome. Sobre a origem desse nome, existe muita controvérsia. Há quem diga que uma gangue de motociclistas liderada por Marlon Brando num filme dos anos 40 ou 50 chamava-se the beetles, o que teria posteriormente atraído a atenção de John, Paul, George, etc. Existe também uma história dizendo que John Lennon havia tido um sonho em alguém aparecia sobre chamas dizendo-lhe que eles deveriam chamar-se beatles. O próprio John Lennon, entretanto, numa entrevista afirma que ele começou a pensar na palavra cricket (grilo) do grupo americano de rock Buddy Holly's Crickets, e daí em beetle (besouro), mas queria algo com um duplo sentido, então trocou a letra "e" por um "a" para que as pessoas pensassem em besouro ao ouvir o nome, e em beat music (música ritmada) quando vissem a palavra. Clique aqui para ouvir a voz do John Lennon falando sobre isso.
É ainda interessante observar que existe a palavra beatnik, significando membro de um movimento jovem nos anos 50 que rejeitavam os valores convencionais da sociedade de então.
Quanto a dicionários inglês-português, em primeiro lugar, nós não recomendamos muito o uso deles, pois preferimos os monolíngues. Em segundo lugar, dos que existem, nenhum é realmente bom. Eu sugiro uma busca na Internet.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #164: Hi, My name is Suzana. I've just gotten back from San Francisco where I spent 8 months taking courses at UC Berkeley and doing my internship. (Before that, I had taken so many English courses in São Paulo but I never got fluency). I am really eager to keep studying English, so my question is if there is an English school which offers an "advanced-advanced" course for those who studied abroad and have real fluency in English??? I am asking this because I've been to some outstanding English schools here, I took tests and I attended some classes to see the level of the students in the advanced level. What I feel is that there is still a big distance for those who studied abroad and got fluency there from those who are said to have fluency under Brazilian standards. For now, I can only see one way to keep my English, which is having private classes with English native speakers. This is not the only way, right? Well, I hope to hear from you soon. Thanks. Suzana <kwan*uol.com.br> Oct 18, 1998
 
A: Hi, Suzana!
Thank you for your visit to our web site and sorry for the delay in replying.
Your problem is typical. Very unfortunately most of the people, ignoring what the real language is, go for the big advertisers and end up speaking a pidgin English. You are right in looking for native speakers. I wouldn't say this is the only way, but it's surely the one most likely to be the best for you.
Keep in touch.
Regards, Ricardo - EMB

Q #163: Que – that, who e which
Eu gostaria de saber quais são as situações em que o that pode ser colocado no lugar do who e do which?
Obrigado. Thiago Ribeiro Mendes <thiagorm*projesom.com.br> Oct 18, 98.
 
 A: Prezado Thiago, 
1) Em primeiro lugar, temos que entender que which e who podem ser pronomes interrogativos e pronomes relativos. Pronome relativo é aquele que introduz uma cláusula relativa tipo oração subordinada adjetiva. That, por sua vez, pode ser pronome demonstrativo, advérbio, conjunção, e também pronome relativo.
Exemplos de who e which:
   - Who are you? / Which do you prefer? - pronomes interrogativos.
   - I thanked the man who helped me. / The book which is on the table is mine. - pronomes relativos.
Exemplos de that:
   - This book is mine but that is yours. - pronome demonstrativo
   - I'm not that stupid. - advérbio
   - He explained that language acquisition is not the same as language learning. - conjunção
   Em frases curtas, a conjunção that é normalmente omitida:
   - I think it's going to rain.
   - The problem that the government is trying to solve will affect the economy. - pronome relativo
É apenas na função de pronome relativo que which e who podem ser comparados a that e por ele substituídos. Esta é, a propósito, uma questão muito frequentemente levantada por aqueles que estudam inglês. Isto deve-se ao fato de que, no português, essas 3 opções (that, who, which) correspondem sempre a uma única forma: "que". A respeito desse assunto, dois aspectos devem ser analisados:
 
2) Um pronome relativo pode funcionar como objeto e como sujeito da oração subordinada.
2.a.) Quando estiver na função de objeto (ocorrência mais comum), who(m) e which podem ser substituídos por that ou simplesmente omitidos.
Exemplo:
          The man who(m) I saw was Mr. Jones.
          The man that I saw was Mr. Jones.
          The man I saw was Mr. Jones.
     The book which I read was excellent.
     The book that I read was excellent.
     The book I read was excellent.
Observações:
- who predomina sobre whom, cuja ocorrência hoje está restrita a linguagem estritamente formal.
- em frases curtas é preferível omitir o pronome relativo.
2.b.) Quando estiver na função de sujeito, who e which podem ser substituídos por that, mas nunca omitidos.
Exemplo:
          I thanked the man who helped me.
          I thanked the man that helped me.
     The book which is on the table is mine.
     The book that is on the table is mine.
A oração subordinada, entretanto, as vezes pode ser reduzida a um simples adjunto adverbial:
Exemplo:
      The book on the table is mine.
Observações:
- na função de sujeito, o pronome relativo who ocorre com mais frequência do que that.
- na função de sujeito, o pronome relativo that ocorre com mais frequência do que which. O uso excessivo de which pode ser percebido como linguagem pedante.
Não deixe de ver Restrictive & Nonrestrictive Clauses, um estudo mais completo sobre o uso desses 3 pronomes relativos em inglês.
Atenciosamente, Ricardo - EMB

Q #162: Dear friends,
Once again I'd like congratulate you for this wonderful web site. My name is Vladimir and I need your help to choose another English dictionary. Unfortunately, I still can't travel to learn English in a country where it's is the official language, but I'm trying hard to learn it here and at this moment I do belive that good monolingual dictionaries, as you say in the page, are better than the bilinguals. Thus, I ask you the indication. Thanks and goodbye.
Vladimir Freire de Jesus <ajesus*elo.com.br> Oct 16, 98.
 
A: Dear Vladimir,
If you are into American English, you should consider the Merriam-Webster dictionaries. If your preference is for British English, especially if you are interested in etymology, you should think about the Oxford dictionaries. Both have many different editions. Some are huge and others too small. Newer dictionaries tend to be better than old editions.
We have the biggest Merriam-Webster (Third New International). We also have the Webster's Collegiate Dictionary - Tenth Edition, which is a very nice medium size dictionary, and the New Oxford Dictionary of English (1998), an excellent modern version of the traditional Oxford. Be careful with the name Webster which these days is of public domain. It is used by a number of publishers and is no guarantee of quality alone. Merriam-Webster is the name you should look for.
Sincerely, Ricardo - EMB
Q #161: O papel dos pais no aprendizado dos filhos
7) Como os pais podem ajudar o filho neste processo de aquisição de uma nova língua (nossa revista é voltada para os pais, portanto são necessárias dicas)? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: Em primeiro lugar, os pais monolíngues devem cuidar para não caírem no erro elementar de acreditar que para se falar uma língua estrangeira tem que se estudar, isto é, adquirir conhecimento a respeito dela, memorizar vocabulário, e que isso só se alcança através de esforço, e que esse esforço deve ser imposto e cobrado.
Embora diferentes línguas estejam normalmente associadas a diferentes pessoas, os pais que falam inglês (bem) podem ajudar criando rotineiramente momentos de interação familiar em inglês. A criança passará a ver o idioma estrangeiro inicialmente com curiosidade e interesse, e a seguir com com naturalidade, despertando-lhe a consciência da existência de diferentes sistemas de comunicação humana. A produção oral pode demorar muito e deve iniciar espontaneamente, nunca forçada.
Finalmente, os pais devem saber encontrar um ambiente de convívio que proporcione language acquisition para seus filhos. Aqui cabem dois alertas:
Primeiro: É grande a responsabilidade ao se colocar crianças que ainda não atingiram a idade crítica (e mesmo depois), em clubes, cursinhos ou escolinhas que oferecem cursos de inglês atrelados a planos didáticos rígidos (ênfase em learning) ou com instrutores cuja proficiência seja limitada. Sotaque e outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo serão transferidos à criança, causando danos irreversíveis. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz. Esta é uma área de atividade muito vulnerável a um comércio inescrupuloso e amador que facilmente e frequentemente explora a boa-fé daqueles que buscam o melhor para seus filhos sem poupar esforços.
Segundo: Uma vez que o momento e a forma ideal de se alcançar proficiência em línguas estrangeiras é a idade escolar, e sendo bilinguismo uma qualificação básica do indivíduo na sociedade moderna, compete às escolas primária e secundária proporcionar ambientes de language acquisition - e já! Os pais devem começar a se conscientizar disso e exigi-lo, principalmente daquelas escolas particulares cujas receitas não justificam nenhuma postergação.
Ricardo - EMB

Q #160: 6) Quem deve ensinar a língua: professores, pais, amigos etc, e onde deve ser iniciado este estudo: em casa, numa escola normal, numa escolinha específica etc? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.

A: Em primeiro lugar temos que entender que a criança não é ensinada; ela aprende. A nós, cabe apenas criar o ambiente propício. Este ambiente, ao contrário dos ambientes de adultos, que tendem a ser conceptuais e abstratos, deve ser autêntico, material e concreto, com amplo espaço para improvisação e criação. No plano psicológico-afetivo deve haver uma conexão forte entre aprendiz e facilitador. Este, deve saber desempenhar um papel mais de assistente e menos de líder, abrindo espaço nos momentos em que o aprendiz se predispõe à ação e a assumir a liderança.

É preciso também entender claramente a hipótese acquisition/learning de Stephen Krashen em sua amplamente aceita e respeitada teoria sobre aprendizado de línguas estrangeiras:

- O conceito de language learning está ligado à abordagem tradicional ao ensino de línguas. Refere-se ao entendimento pelo aluno da estrutura e das regras do idioma através de esforço intelectual e de sua capacidade dedutivo-lógica. É um processo progressivo e cumulativo, através do qual busca-se oferecer ao aluno conhecimento a respeito da língua estrangeira, de sua estrutura, conhecimento esse que espera-se venha a se transformar na habilidade de entender e falar essa língua.

- Language acquisition refere-se ao processo de assimilação natural, subconsciente, intuitivo, fruto de situações reais de interação humana. É semelhante ao processo de assimilação da língua materna pelas crianças; processo esse que produz habilidade prática e não necessariamente conhecimento. Exemplo frequente de language acquisition é o de adolescentes e jovens adultos que residem em países de língua e cultura estrangeira durante um ano ou dois e atingem um grau de fluência quase equivalente ao de língua materna.

Em language learning, o professor ensina um conteúdo predeterminado e o aluno adquire conhecimento; em language acquisition não há professor, há apenas interação humana intercultural através da qual o aluno constrói sua própria habilidade, na direção de seus interesses.

Krashen finalmente sustenta que language acquisition explica não só o desenvolvimento da língua materna, mas também a assimilação de línguas subsequentes, sendo mais importante do que language learning para a assimilação da língua estrangeira, não só para crianças, mas até mesmo para adultos.

Portanto, o que a linguística aplicada moderna preconiza (especialmente para crianças!) é acquisition. E para que acquisition ocorra, é preciso que a criança esteja situada em um ambiente de convívio caracterizado pela língua e pela cultura estrangeira. Um ambiente desses, entretanto, dificilmente pode ser criado artificialmente. O elemento fundamental desse ambiente são as pessoas que o compõem.

Se os pais, por exemplo, falarem o idioma estrangeiro como língua materna, irão naturalmente transmiti-lo para a criança no convívio familiar. Entretanto, pais que falam o idioma estrangeiro, porém não habitualmente e não como língua materna, não devem iludir-se com a possibilidade de ensiná-lo a seus filhos, uma vez que ambientes de language acquisition são dificilmente criados artificialmente. A língua usada é parte importante do relacionamento entre duas pessoas. A intimidade de um ambiente familiar tem uma identidade única, tornando-se difícil criar ambientes múltiplos, caracterizados por diferentes línguas. A língua que a família usa é a língua que a criança assimilará. Para assimilar outras línguas, a criança terá que frequentar outros ambientes, conviver com outras pessoas.

Se o ambiente familiar não oferecer language acquisition, pode-se buscá-lo em outros ambientes (escola de línguas), nos quais o papel do facilitador continua sendo essencial.

Para se criar um ambiente de acquisition em sala de aula, devemos abrir mão de planos predeterminados e o professor deve funcionar como facilitador, preenchendo dois requisitos básicos: domínio sobre o idioma e competência cultural em nível de língua materna e habilidade pessoal para saber construir um relacionamento e saber explorar os aspectos psicológicos e afetivos do aprendizado de línguas da criança. Predeterminar o rumo desta relação através de um plano didático seria contraproducente. Atividades predeterminadas, sem lugar para improvisação, são intrusivas, inibem a criatividade e ignoram diferenças individuais. É o ato de criar que proporciona o desenvolvimento cognitivo da criança e a língua que se pretende seja aprendida pela criança é a que deve ser usada no processo. Quaisquer materiais ou atividades planejadas por adultos, estariam na contramão.

O ideal é que o facilitador seja um falante nativo da língua alvo e tenha dificuldade com a língua materna da criança, pois isto possibilita a inversão de papéis fazendo a criança sentir-se as vezes superior e desenvolvendo-lhe a autoestima. Se o facilitador falar inglês com sotaque e com outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo, a criança os assimilará, e talvez para sempre.

Podemos classificar em ordem de preferência os ambientes ideais de language acquisition:

a) Um país de origem da língua e da cultura que se procura adquirir. Por exemplo, os Estados Unidos ou a Inglaterra para inglês. Neste ambiente os facilitadores seriam todos: amigos, colegas, professores, e talvez o(s) próprio(s) pai(s).

b) Um ambiente familiar, como o descrito anteriormente.

c) Uma escola de línguas que saiba criar ambientes de convívio em que acquisition possa ocorrer. Aqui a existência ou não de um plano didático é absolutamente irrelevante. O fundamental é que o(s) facilitador(es) preencham os dois requisitos básicos: pleno domínio do idioma e habilidade de construir fortes vínculos com crianças no plano afetivo.
Ricardo - EMB

Q #159: 5) Por que 12 anos é considerada uma idade limite para aprender? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: Eu não consideraria 12 anos uma idade limite para aprender. Eu diria apenas (e estudos assim revelam) que entre 12 e 15 anos aproximadamente, o ser humano perde gradativamente a capacidade de assimilar uma língua estrangeira com perfeição; ou seja, sem acento estrangeiro. Em outros aspectos como estrutura, vocabulário, redação, etc, a capacidade permanece. Nós testemunhamos no nosso dia-a-dia adultos de 40 e 50 anos fazendo progresso. Veja aqui mais sobre as diferenças entre crianças e adultos no aprendizado de línguas.
Ricardo - EMB
Q #158: 4) Qual o ritmo de assimilação da criança? (podem aprender quantas línguas, palavras, etc, e em quanto tempo diferentes dos adultos) "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: O ritmo de assimilação depende do grau de imersão e do tempo de exposição. Minha filha mais velha, por exemplo, aos 3 anos de idade, até então monolíngue em português, foi viver no Japão. Em menos de 6 meses falava japonês fluentemente, e em um ano, como língua materna. Com 6 anos, fomos de muda aos EUA. Novamente, ela se tornou fluente em inglês com 6 meses e alcançou domínio equivalente ao de língua materna em 1 ano e meio. Eu diria que essa é a regra para crianças. Quando finalmente retornamos ao Brasil, depois de 5 anos e meio de ausência, o português dela levou cerca de 8 ou 10 meses para se tornar igual ao de outras crianças da mesma idade.
Já no caso de adultos, existe uma variação muito grande com relação ao ritmo de aprendizado e ao teto, mas sem dúvida a quantidade de exposição é sempre um fator de grande peso. Veja aqui mais sobre fatores que afetam o ritmo de assimilação.

Também é importante não se iludir com a suposta relação entre proficiência em língua estrangeira e quantidade de vocabulário. Não existe no âmbito da linguística aplicada teoria equacionando habilidade em línguas com conhecimento de vocabulário. Já vi pais se esforçando para ensinar vocabulário a seus filhos com perguntas do tipo: "como se diz casa em inglês?", o que é de pouca utilidade. Mais útil seria os pais ocasionalmente falarem inglês entre si, mesmo que com um domínio limitado, apenas para despertar na criança sua consciência para a existência de outros meios de comunicação, além da língua materna. Vendo a língua em seu papel funcional, vai despertar também curiosidade e interesse.

Ricardo - EMB
Q #157: 3) No cérebro, como se processa a aprendizagem na infância? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: Na ausência de evidência científica conclusiva, a hipótese mais aceita hoje é de que a capacidade de assimilação de línguas está relacionada com a lateralização dos hemisférios cerebrais. Sabe-se que os dois hemisférios cerebrais desempenham funções diferentes.
O lado esquerdo é o lado lógico, analítico, dedutivo, enquanto que o direito é o lado criativo, artístico, sensível, responsável por intuições, emoções, sentimentos.
O hemisfério direito seria, por assim dizer, a porta de entrada das experiências e a área de processamento dessas experiências para transformá-las em conhecimento.
Uma vez que línguas são sistemas demasiadamente complexos, irregulares e abstratos para poderem ser resumidos e classificados em um conjunto de regras (principalmente o inglês!), e compreendidos através de esforço intelectual e estudo formal, portanto via hemisfério esquerdo, acredita-se que a assimilação da língua ocorra predominantemente via hemisfério direito e acabe sedimentada no hemisfério esquerdo como habilidade permanente.
Ricardo - EMB
Q #156: 2) A língua é uma habilidade ou um talento inato? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: É ambos. Todo ser humano nasce com a capacidade ou o talento necessários para adquirir linguagem. Domínio sobre línguas é sem dúvida habilidade e não conhecimento, como até hoje muitos acreditam. A abordagem ainda predominante nas escolas secundárias, por exemplo, peca por esse erro elementar.
Ricardo - EMB
Q #155: Qual a idade ideal para começar?
Meu nome é Tânia Belickas, sou jornalista, trabalho numa revista chamada Meu Nenê, da Editora Símbolo, em São Paulo, e gostaria de conversar com o professor Ricardo Schütz sobre o tema: aprendizado precoce do inglês entre crianças.
1) Qual a idade ideal para começar o ensino de uma língua? Por que? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
 
A: Prezada Tânia.
Muito obrigado pelo interesse em nosso trabalho.
Eu diria que não se trata tanto de uma questão de idade, mas sim de oportunidade. Qualquer criança, de 1 a 10 ou 12 anos de idade, que estiver exposta a situações reais e concretas em ambientes de interação humana, vai assimilar não só a linguagem desse ambiente, mas tudo aquilo que o caracteriza.
Por exemplo, se a interação humana da qual a criança participa em seu ambiente for caracterizada por frequente agressividade, pode-se esperar agressividade da criança. Se for o ambiente caracterizado por reflexão inteligente e ponderação, certamente veremos essas qualidades refletidas no comportamento também da criança.
Se a linguagem a que a criança estiver exposta caracterizar-se por desvios de pronúncia e excepcionalidade idiomática, os mesmos ficarão gravados como marcas sobre cimento fresco. É por isso que a questão oportunidade se sobrepõe em importância. Tudo depende da oportunidade de se encontrar para a criança um ambiente natural de situações autênticas e reais de interação humana na língua estrangeira, e que essa língua não contenha desvios.
Ricardo - EMB

PERGUNTAS & RESPOSTAS:
ÍNDICE
JULHO 2005 - DEZEMBRO 2006  |  JANEIRO - JUNHO 2005
JULHO - DEZEMBRO 2004  |  JANEIRO - JUNHO 2004
JULHO - DEZEMBRO 2003  |  ABRIL - JUNHO 2003
JANEIRO - MARÇO 2003  |  OUTUBRO - DEZEMBRO 2002
JULHO - SETEMBRO 2002  |  ABRIL - JUNHO 2002
JANEIRO - MARÇO 2002  |  OUTUBRO - DEZEMBRO 2001
JULHO - SETEMBRO 2001  |  ABRIL - JUNHO 2001
JANEIRO - MARÇO 2001  |  OUTUBRO - DEZEMBRO 2000
JULHO - SETEMBRO 2000  |  ABRIL - JUNHO 2000
JANEIRO - MARÇO 2000  |  OUTUBRO - DEZEMBRO 99
JULHO - SETEMBRO 99  |  ABRIL - JUNHO 99
JANEIRO - MARÇO 99  |  OUTUBRO - DEZEMBRO 98
JULHO - SETEMBRO 98  |  JANEIRO - JUNHO 98
MARÇO - DEZEMBRO 97  |  SETEMBRO 96 - MARÇO 97

Mande suas consultas para um dos endereços abaixo e nós responderemos com a maior brevidade possível. As perguntas interessantes, juntamente com as respostas, serão publicadas com o nome do autor.
Menu Principal   |   Mensagens Recebidas do Público
Nossa Missão   |   Nossa Equipe   |   Patrocinadores