English Made in Brazil
--------- E D U C A T I O N A L S I T E ----------
----------------------------------------------------------------------------------
Schütz
& Kanomata - ESL
NATIVE
SPOKEN ENGLISH
PATROCINADOR
ARQUIVO 5 -
PERGUNTAS E RESPOSTAS DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 98
Este
foro é aberto ao público. Todos são convidados a perguntar,
questionar, divergir, opinar, ou esclarecer. Mande suas consultas e opiniões
para um dos endereços abaixo e nós responderemos com brevidade. As mensagens inteligentes e de interesse geral,
juntamente com as respostas, serão publicadas com o nome do autor.
As opiniões aqui emitidas
não são de responsabilidade dos patrocinadores deste site.
Conheça
aqui a equipe do English Made in Brazil
Q #181: Congratulations! Your Web Site
is pretty good! I have noticed that some words have the same pronunciation
and different spelling. Do you know where I can find more information about
this subject? Thanks. "Helen Pessoni" <helen*arbtinformatica.com>
Dec 28, 98
A: Dear Helen,
Thank you for visiting our web site. Words with identical or very similar
pronunciation, but different spelling and meaning, are called homophones
(palavras homófonas).
- Ex: bear/bare, board/bored, dear/deer, eight/ate,
flower/flour, hear/here, mail/male, meet/meat, our/hour, right/write, son/sun,
sum/some, steal/steel, sail/sale, sell/cell, sight/site, tale/tail, their/there,
way/weigh, weather/whether, wear/where, week/weak
- Examples of homophonous words in Portuguese:
acender/ascender, cheque/xeque, cozer/coser, conserto/concerto, senso/censo,
seção/sessão,
If you type homophone on Google or AltaVista, you will find
a number of sites about the subject. One of these we have downloaded recently:
Homophones. You can also look for The Dictionary
of British and American Homophones (Stephen N. Williams, Brookside,
1987), which lists some 12,000 homophones.
Regards, Ricardo - EMB
Q #180: O sistema de franquia para o ensino de línguas
O que é que vcs. acham do ensino de línguas através do sistema de franquias? Elsa
<arribaelsa*viavale.com.br> Dec 23, 98
A: Prezada Elsa,
Vemos o sistema de franquia para línguas estrangeiras com reservas,
uma vez que não acreditamos em ensino padronizado e vendido em pacote.
Padronização não combina com educação.
Toda e qualquer sistematização ou padronização,
acaba se tornando um dispositivo de contenção capaz de aprisionar
o pensamento e tolher a criatividade. Submeter um instrutor
hábil ou um aluno com talento a
uma marcha predeterminada de Livro 1, Livro 2 ..., é equivalente
a um ato de castração. Acreditamos, isto sim, na língua
estrangeira como habilidade adquirida através de situações
reais de interação humana e de convívio multicultural.
Não acreditamos tampouco no mercantilismo como força
propulsora de um bom ensino de línguas, mas sim na vocação
e na habilitação acadêmica.
Deixem o sistema de franquia para pizzas e hamburgers.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #179: Dr. Ricardo,
Aqui é o Roberto Hashizume. Li seu artigo sobre o aprendizado
de línguas e uma coisa me encucou. Segundo o artigo, só é
possível adquirir absoluta proficiência em outra língua
até uma certa idade? Depois desta idade, é muito raro alguém
conseguir falar sem sotaque? Como já disse antes, pretendo ser professor,
mas se não conseguir falar sem sotaque, fica difícil de ensinar
as crianças não é verdade? "ROBERTO HASHIZUME"
<marie*iws.com.br> Dec 17, 98
A: Prezado Roberto,
Sotaque (ou acento, como estão começando a dizer) é
uma palavra que abrange um sentido muito genérico.
Em primeiro lugar, eu não conheço no vocabulário
do português palavras para diferenciar accent de foreign
accent. Accent seria a característica fonética
do dialeto de uma região. Por exemplo: gaúchos, cariocas
e baianos, todos são falantes nativos de português, porém
falam com diferentes accents.
Foreign accent vem a ser aquele desvio de quem fala uma língua
que não a sua língua materna. Esse desvio é perceptível
no plano fonético e normalmente vem acompanhado de desvios no plano
idiomático e gramatical. É a interferência da língua
mãe na língua alvo, normalmente considerada indesejável.
Esta interferência da língua materna sobre a língua
alvo pode alcançar vários graus e se manifesta em vários
aspectos da pronúncia. Desvios ocorrem na reprodução
de fonemas (ex: /kawntry/ em vez de /kântry/ para country),
na acentuação tônica das palavras (ex: /kôntrol/
em vez de /kantrôl/ para control), e também
no ritmo e na entonação frasal.
O grau de foreign accent vai desde um leve desvio na pronúncia
de um ou outro fonema, até um grau de distorção comprometedor
do entendimento. Normalmente, uma pessoa que imerge na língua e
na cultura estrangeira até os 12/15 anos, alcança um nível
equivalente ao de língua materna, isto é, sem sotaque
(foreign accent). Até os 25/28, o teto ainda é muito
alto e, dependendo de outros fatores, o aluno ainda pode alcançar
um nível próximo ao de língua materna. Entretanto,
idade não é o único fator que determina o ritmo e
o teto de cada pessoa. Veja O
que é talento?.
Considere também que foreign accent não é
a única interferência indesejável. Pobreza idiomática
e mesmo desvios gramaticais ou até mesmo falta de objetividade e
integridade lógica podem ser interferências até mais
comprometedoras.
Finalmente, você deve considerar que domínio absoluto
sobre o idioma e a cultura não são os únicos requisitos
para um bom instrutor. Existem as qualidades no plano psicológico
que são altamente desejáveis. Veja O
que é um bom instrutor?.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #178: Hi Schütz.
Please tell me, just between the two of us, do you really like to do this?
I'm referring to your question and answer section. I mean, I sometimes
go through this situation; I teach a few teachers of English and they come
to me with endless lists of questions they have. When I'm able to answer
all of them, it's all right. When I can't, but there's only a few ones
left to look up for next class, I don't mind. But when I'm unable to answer
quite a few (posso dizer isso?) I get sort of upset, because I know it
means a lot of work. OK, I think the point is that we're talking about
answers which won't be found in dictionaries (of which I have a reasonable
number); a helpless task. And you have walking and living dictionaries
there, with whom you can discuss the differences and get to the 100% correct
answer. I'd like to have my own native speaker, on my shelf. This is all
just to say that I'm sorry if I'm bothering you with so many questions.
Please let me know if such thing happens. Até que reclames, aqui
vai mais uma:
Just between the two of us. - Cá entre nós. (mas
apenas para duas pessoas). E se for cá entre nós para mais
pessoas?
"inga penglish" <penglish*lj.conex.net> Dec 16, 98
A: Hi Ingrid,
You can say: "just between us". I would think twice however
before using it in the above paragraph. It's not much more than a Portuguese
commonplace; a weary expression that adds little to the meaning. An e-mail
message is always a private exchange between two people. Even if you are
chatting with a friend and there is nobody around listening, you don't
need it. And if there were somebody listening, you still would not use
it to avoid being impolite. We have a tendency to allow the forms of our
mother tongue to rule the way we think and thus we get easily stuck to
forms rather than contents.
What I see in the questions we get is the opportunity to teach concepts.
The satisfaction of breaking monolingual preconceptions and native-language
habits causing negative interference outweighs the efforts to look for
a satisfactory answer.
Regards, Ricardo - EMB
Q #177: Hi, I lived one
year in the US, and I'm a fluent English speaker. Nevertheless, I have
a hard time on writing formally. I always struggle with essays and such
things. One of the things that I just don't know how to use, regards on
the proper usage of the suffixes _hood and _ness.
Why is it correctness instead of "correcthood",
and childhood instead of "childness"? What's wrong
with "fakehood"? Why falsehood? Is there a grammar
rule for using the suffix _hood instead of _ness,
or is it just something that comes naturally for native English speakers?
Thanks and best regards. Rafael Anschau <anschau*cpovo.net> Dec 12,
98
A: Prezado Rafael,
You are absolutely correct when you infer that awareness over grammatical
and ungrammatical forms is natural to native speakers.
Nada melhor do que olhar para nossa língua materna para melhor
entender o fenômeno das línguas humanas e a incompatibilidade
das mesmas com a nossa curiosidade intelectual:
- grande - grandeza
- belo - beleza
- duro - dureza
-
- satisfeito - satisfação
- indigno - indignação
- correto - correção
-
- amigo - amizade
- possível - possibilidade
- família - familiaridade
-
- rígido - rigidez
- viúvo - viuvez
- honra - honradez
-
- escuro - escuridão
- podre - podridão
- apto - aptidão
-
- fluente - fluência
- permanente - permanência
- ausente - ausência
Os exemplos acima mostram vários tipos de sufixos do português
usados para formação de substantivos. Mesmo que houvesse
uma regra ou qualquer tipo de explicação lógica para
o uso dos sufixos acima, eu lhe pergunto: qual a importância de tal
regra? Ela nos foi em algum momento de alguma utilidade para adquirirmos
nossa fluência em português?
Still, I don't want to leave you completely in the dark. We can say
that both suffixes, _ness and _hood have the
same function and meaning: they form nouns and denote a state or condition.
We can also observe that while _ness is added primarily to
adjectives (darkness) and is very productive (frequent occurrence),
_hood is added primarily to animate nouns and is only mildly
productive.
Thank you for visiting our web site and congratulations for your good English.
Ricardo - EMB
Q #176:Como tornar-se um professor de inglês I
Prezado Dr. Ricardo Schütz: Meu nome é Roberto Hashizume, tenho
28 anos, formado em Administração de Empresas pela ESAN-SP. Meu
nível de inglês é intermediário e tenho interesse
de estudar nos EUA para me tornar professor de inglês, pois acredito que
por ser o inglês uma língua universal, terei mercado para trabalhar
em qualquer lugar do mundo. Sou aventureiro e gosto de liberdade. Me fascina
a oportunidade de conhecer outros países e outras culturas.
Gostaria de saber qual seria o caminho, e quais os obstáculos
que teria de ultrapassar para atingir o meu objetivo? Em quanto tempo estaria
apto a dar aulas?
Gostaria de parabenizá-lo pelo excelente e seríssimo
site, e futuramente, quem sabe, posso me associar à sua instituição
que com certeza já tem a minha credibilidade. Obrigado. "ROBERTO
HASHIZUME" <marie*iws.com.br> Nov 13, 98
A: Prezado Roberto,
Obrigado pela visita ao nosso site. Se você ler a página O
que é um bom instrutor verá que existem vários graus
de qualificação para um professor de inglês. Em primeiro
lugar, você deve alcançar um nível de fluência equivalente
a TOEFL 600 ou mais, e se familiarizar com a cultura dos países de língua
inglesaa. A melhor maneira de alcançar isso, é viver nos EUA (ou
Canadá, ou Inglaterra) durante dois anos no mínimo, e talvez estudar
numa escola de ESL durante um período inicial.
A partir daí, você pode pensar em fazer um Certification em TESL
(Teaching English as a Second Language) ou TEFL (Teaching English
as a Foreign Language). Esses cursos de certification normalmente são
de um semestre.
Se você quiser mais do que isso, deve pensar em um mestrado em
TESL. Com fluência, boa pronúncia, e um mestrado em TESL,
você facilmente consegue emprego como professor de inglês em
qualquer parte do mundo.
Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #175: Antes de mais
nada, quero agradecer e muito pelo apoio que este site vem dando a todos
aqueles que têm interesse em aprender inglês e ou têm
dúvidas sobre esse. E quero agradecer pelo esforço que vocês
vêm fazendo para tentar responder a todas as dúvidas. Eu sou
Elson, tenho 31 anos, faço faculdade de física e gostaria
de saber TUDO o que vocês possam me dizer sobre mestrado nas EUA.
1- Gostaria de saber se existe limite superior de idade para ingresso.
2- Qual o mestrado mais barato que eu posso conseguir na área
de física.
3- Gostaria de saber sobre mestrados na Nova Zelândia, Inglaterra
e Austrália (as diferenças entre todos também).
Eu sei que você (Ricardo) estudou no Arizona, que por uma grande
coincidência é o lugar para onde eu mais quero ir. Gostaria
também de saber sobre aquela universidade onde você estudou
lá. Sei que tem um bom programa para estudantes internacionais lá.
Ricardo, eu espero respostas e acredito na competência que vocês
têm demonstrado. "Elson B.Junior" <proteuss*hotmail.com>
Nov 20, 98
A: Prezado Elson,
Em primeiro lugar, não existe absolutamente limite de idade
para se estudar nos EUA. Quanto aos custos de seus estudos, eu diria que
os mesmos dependem muito também do custo de vida da região.
Além disso, o custo pode variar em função de seu aproveitamento,
pois algumas universidades oferecem tuition waivers se o aluno tiver
um rendimento excepcional. Isto quer dizer que se você estiver numa
universidade menos competitiva, poderá se sobressair com mais facilidade
e talvez se beneficiar de um tuition waiver.
Na sua área de especialização existem cerca de
280 universidades nos EUA que oferecem programas de mestrado e doutorado.
Na minha opinião você deve fazer uma pré-seleção
baseado na área da física em que você pretende concentrar
seu estudo e sua pesquisa, e então avaliar os custos das opções
que sobraram.
Estou lhe mandando como attachments 6 arquivos contendo uma
descrição rápida de cerca de 300 programas de pós-graduação
em física nos EUA, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia.
Para sua informação, nos EUA existem mais de 1500 instituições
de ensino superior, um número cerca de 10 vezes maior do que no
Canadá, 10 vezes maior do que no Reino Unido, 25 vezes maior do
que na Austrália, e 100 vezes maior do que na Nova Zelândia.
Sobre o Estado do Arizona, posso lhe informar que existem duas grandes
universidades estaduais: Arizona State University em Tempe (subúrbios
de Phoenix) e University of Arizona em Tucson - pronunciado /tyúsan/.
Ambas oferecem programas de mestrado e doutorado em física.
Não deixe de ler nossa página
sobre mestrados e doutorados nos EUA.
Boa sorte e disponha sempre do nosso site.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #174: Por que "I" é maiúsculo?
Gostaria de saber porque escrevemos o pronome pessoal inglês, I, com letra maiúscula.
Seriam os ingleses egocêntricos a tal ponto? Obrigado, Marcos <leog*zaz.com.br>
Nov 18, 98.
A: Prezado Marcos
Não é devido a uma egocêntrica falta de modéstia
que o pronome da primeira pessoa do singular é maiúsculo
em inglês, mas sim por razões de estética e funcionalidade.
Na Idade Média as letras i e j eram usadas alternadamente,
e foi provavelmente por uma questão de preferência paleográfica
que o I maiúsculo acabou surgindo como a forma ortográfica
mais usual para o pronome da primeira pessoa do singular.
Paleografia é o estudo da arte e da técnica da escrita
e sua relação com a história da cultura humana.
Fonte bibliográfica: Quirk, Randolph, Sidney Greenbaum,
Geoffrey Leech, and Jan Svartvik A Grammar of Contemporary English.
Essex, UK: Longman, 1972.
Atenciosamente, Ricardo - S&K
Q #173: Olá: Gostaria
que respondessem às minhas seguintes dúvidas:
1) Qual é o correto, "there is a lot of people"
ou "there are a lot of people"?
2) É obrigatório o uso do _ing após a expressão
"can't help"? Não se poderia usar o infinitivo
neste caso?
"Marco de Pinto" <m_de_pinto*hotmail.com> Nov 17, 98
A: 1) "There are a lot of people" é
o correto (principalmente dentro de uma visão restrita de gramática
prescritiva), embora a outra forma seja de ocorrência comum no falar
de nativos.
2) A expressão can't help é sempre seguida de
gerúndio.
Ao contrário do português, em que um verbo só é
seguido de outro no infinitivo, em inglês há verbos que são
normalmente seguidos só de infinitivo, verbos que são normalmente
seguidos só de gerúndio, e verbos que aceitam ambos. Essas
situações correspondem ao que em português é
classificado como orações subordinadas substantivas objetivas
diretas reduzidas de infinitivo. Ocorrem sempre que o verbo for transitivo
direto (exigir um objeto direto como complemento), e a complementação
é feita com o segundo verbo (no infinitivo ou no gerúndio)
que tem como sujeito implícito, o mesmo sujeito do verbo principal.
- a) Exemplos do primeiro grupo (verb + infinitive pattern)
(subjectless infinitive clause as direct object):
- would like - Would you like to go?
- want - Do you want to go?
- have - I have to go.
- decide - He decided to leave.
- hope - I hope to become fluent.
- intend - I intend to be here.
- expect - We expect to win the game.
- agree - They agreed to play cards.
- refuse - She refused to practice.
- promise - You promised to help us.
- threaten - He threatened to call the police.
- long - Peter longed to do his homework.
- learn - He learned to be polite.
- pretend - He pretends to be what he has never been.
- try (fazer uma tentativa) - I tried to finish the job last night.
- remember (lembrar de obrigações) - She always remembers
to lock the door.
- forget (esquecer de obrigações) - I forgot to tell
you.
b) Exemplos do segundo grupo (verb + gerund pattern) (subjectless
gerund clause as direct object):
enjoy - He enjoys going to the movies.
dislike - I dislike making mistakes.
avoid - I can't avoid making mistakes.
consider - He considered buying a new car.
stop - Why don't you stop smoking?
quit - I quit smoking cigarettes.
finish - I've finished working overtime.
suggest - He suggested getting a job.
miss - I miss living abroad.
can't help - I can't help making mistakes.
can't stand - I can't stand making decisions.
have trouble - I have trouble getting up early.
give up - He's given up studying English.
mind - I wouldn't mind having a dog.
feel like - I feel like watching a movie tonight.
recall - I don't recall picking up the keys.
regret - They regret fooling around when they were students.
keep - You have to keep trying.
deny - He denied having stolen the money.
try (experimentar) - The teacher tried speaking louder.
remember (lembrar do passado) - I remember visiting my grandfather.
forget (esquecer do passado) - I'll never forget visiting my grandfather.
- c) Exemplos de verbos que aceitam ambos sem mudar de significado:
- start - I've started to play tennis. / I've started playing tennis.
- begin - She's begun to diet. / She's begun dieting.
- continue - He continues to save money. / He continues saving money.
- like - I don't like to watch TV. / I don't like watching TV.
- love - She loves to speak English. / She loves speaking English.
- prefer - I prefer to drink coffee. / I prefer drinking coffee.
- neglect - He neglects to study. / He neglects studying.
- hate - I hate to live in the city. / I hate living in the city.
Atenciosamente,
Ricardo & Bert - EMB
Q #172: Speak, talk, say, tell
Professores do English Made in Brazil: Por favor me ajudem: Qual a diferença entre
speak, talk, say, tell, dizer, falar, contar, conversar? Por que
tanto verbo para dizer quase a mesma coisa? "Elsa" <arribaelsa*viavale.com.br>
Nov 13, 98.
A: Prezada Elsa,
Cada cultura tem muitas palavras para aquilo que lhe é importante.
Os japoneses, por exemplo, têm várias palavras para algas
marinhas e os esquimós para neve. Não só
nas nossas culturas ocidentais, mas na sociedade humana em geral, nada
mais fundamental do que a habilidade de se comunicar. Não é
portanto de se estranhar que haja muitas palavras para isso.
Para entender melhor as diferenças (muitas vezes sutis) entre
os verbos que você citou, vamos classificá-los por área
de significado:
SIGNIFICADO
|
PORTUGUÊS
|
INGLÊS |
EXEMPLOS
|
ter habilidade lingüística
|
falar
|
speak |
He speaks English and French.
|
transmitir informação
|
dizer, falar, contar, afirmar, relatar, avisar
|
say, tell, state, report |
He said that he's not going to run for president.
He told the reporters he's not going to run for president.
He stated clearly that he's not going to run for president.
The government has reported a decline in the foreign debt. |
conversar, bater papo
|
falar, conversar, dialogar
|
speak, talk, chat |
I spoke with my friends yesterday about the old times.
We talked all night about the old times.
He likes to chat with his old friends.
|
Veja aqui sobre a diferença gramatical
entre say e tell.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #171: Eu gostaria de
saber quais são as principais exceções na formação
dos comparativos. E.g. good - better than - the best. Fala-se também
na teoria relacionada a este assunto que na formação do comparativo
existe uma diferenciação para adjetivos longos e curtos.
Eu gostaria de saber qual é a regra para eu saber se um adjetivo
é longo ou curto. Obrigado!
Thiago Ribeiro Mendes <thiagorm*projesom.com.br> Nov 11, 98.
A: Prezado Thiago,
Temos 5 situações:
1) Adjetivos de uma sílaba:
dark darker
darkest
tall taller
tallest
hot hotter
hottest
brave braver
bravest
2) Adjetivos de três ou mais sílabas:
interested more
interested most interested
frightening more
frightening most frightening
3) Adjetivos de duas sílabas, terminados em _ful ou
_re normalmente recebem more e most:
useful more
useful most
useful
obscure more
obscure most obscure
4) Adjetivos de duas sílabas, terminados em _er, _y
ou _ly, normalmente recebem _er e _est:
clever cleverer
cleverest
pretty prettier
prettiest
friendly friendlier
friendliest
5) Formas irregulares:
good better
best
bad worse
worst
little less
least
many/much more most
far farther
farthest (apenas para distância)
- further
furthest
old elder
eldest (apenas para
pessoas)
- older
oldest
Obrigado por sua visita e volte sempre.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #170: Boa Noite, consultei
este endereço pela Internet e gostaria de obter maiores informações
sobre os cursos de inglês em universidades públicas dos Estados
Unidos. Tenho 26 anos, curso superior em direito. Agradeço desde
já. Meu nome é Marcos Aurélio <muzokashi*zipmail.com.br>
Nov 10, 98.
A: Prezado Marcos
Existe nos EUA mais de 560 universidades públicas. Dessas,
muitas, talvez cerca de 50%, têm ESL departments, os quais
são muito parecidos: oferecem cursos divididos em sessões
de 8 ou 16 semana, acomodações nos dormitórios da
universidade, e custam cerca de 300/400 dólares por semana (incluindo
tudo). Todas são credenciadas a emitir o documento que dá
ao estudante estrangeiro direito a obter o respectivo visto.
Além disso, existem Community Colleges e Public High
Schools que em algumas áreas oferecem aulas de ESL grátis,
duas vezes por semana, para imigrantes. Em outras áreas você
também encontra gratuitamente aulas de ESL em bibliotecas públicas
e igrejas, bem como grupos de estudos da bíblia. Essas opções,
entretanto, não lhe patrocinam o visto de estudante.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #169: The Communicative Approach
What are the characteristcs of the communicative approach? I thank you in advance
for your kind support. "Luciano G. Nachif" <nac*msinternet.com.br>
Nov 8, 98.
A: Dear Luciano,
- The Communicative Language Teaching, also called Communicative Approach
or Functional Approach was the British version of the movement in the early 60s
in reaction to the structuralism and behaviorism embodied in the audiolingualism
then predominant.
The new directions in the theory of language aired by Chomsky and an increasing
demand for language teaching among the countries of the European Common Market
were the thrusting forces behind this method. The basic unit of language became
not the sentence, but the communicative act. Function rather than form, and meaning
rather than pattern determine the designing of materials. Communicative competence
rather than grammatical competence is the goal. Language is tentatively subdivided
in areas according to functionality.
In my opinion the CLT was an intelligent move towards a more humanistic
and learner-centered approach, eventually leading to language acquisition through
bicultural human interaction. It will be less effective however if it provides
only the artificial role playing activities in a classroom setting.
|
O Communicative Language Teaching, também chamado Communicative
Approach or Functional Approach, é a versão britânica do movimento
iniciado no início da década de 60 em reação ao estruturalismo
(estudo das formas da língua, de sua estrutura gramatical) e do behaviorismo
(reflexos condicionados moldando o comportamento).
A combinação do estruturalismo na linguística e do
behaviorismo na psicologia educacional haviam dado origem ao audiolingualism,
os métodos audioorais e audiovisuais nos anos 50, baseados em repetição
mecânica e até hoje praticados por muitos cursos de línguas
no Brasil. A abordagem comunicativa então, inspirada pela nova teoria de
linguística do norte-americano Noam Chomsky e pelas novas teorias
de psicologia cognitiva de Piaget e Chomsky, motivada pela crescente demanda por
métodos de ensino de línguas mais eficazes, surgiu como uma forte
reação contra o audiolingualism.
Na abordagem comunicativa, a unidade básica da língua é
o ato comunicativo, ao invés da frase. A função se sobrepõe
à forma e significado e situações é que inspiram a
planificação didática e a confecção de materiais.
Competência comunicativa passa ser o objetivo em vez de conhecimento gramatical
ou formas memorizadas.
Sem dúvida, a abordagem comunicativa representa uma evolução
inteligente em direção a um ensino-aprendizado de línguas
mais humano e centrado nos interesses do aprendiz. É a abordagem comunicativa
que inspira os métodos hoje mais eficazes. Serão entretanto menos
eficazes esses métodos se limitarem-se a atividades tipo role-play artificializadas
em sala de aula. Serão mais eficazes se proporcionarem assimilação
natural através de interação humana, de situações
reais de comunicação em ambientes multiculturais.
|
Regards, Ricardo - EMB
Q #168: Cursos de inglês on-line
Professores do
English Made in Brazil: O que vocês acham dos cursos de inglês
pela Internet? "Elsa" <arribaelsa*viavale.com.br> Nov 8,
98.
A: Prezada Elsa,
Brincando, poderíamos dizer que aprender inglês pela Internet é equivalente
a fazer sexo por telefone. Isto porque não oferece o fundamental que é
o contato humano, interação criativa. Talvez no futuro, quando
pudermos facilmente nos comunicar em viva-voz e tempo real com pessoas
do mundo, quando a Internet servir como meio de convívio, numa versão
melhorada e mais barata do que hoje existe, poderá ser de maior
utilidade, mas ainda assim não substituirá plenamente o contato
real.
Domínio sobre línguas estrangeiras não é fruto de informações
a respeito da língua, acumuladas na memória, mas sim de habilidade desenvolvida
no convívio humano, fruto de interação criativa em ambientes da língua
e da sua cultura. Um computador com Internet não é e nunca
será uma pessoa com a qual possamos conversar e vivenciar situações reais. Por
enquanto, computadores com Internet constituem-se unicamente num instrumento, num
veículo que carrega informações, assim como livros, fitas cassete e videotapes.
Representam apenas um complemento interessante quando você dispõe
de tempo. Servem também como alternativa rápida e barata
para a troca de correspondência escrita.
Se quiser conhecer, experimente o Englishlive,
o Globalenglish, o Parlo,
o Livemocha ou ainda qualquer outro dos muitos gratuitos. Cuidado entretanto nos sites gratuitos
quando lhe for exigido que se cadastre para receber maiores informações.
Seu endereço certamente acabará em uma ou mais listas de destinatários
para mensagens comerciais, e sua caixa postal acabará entupida de mensagens
não solicitadas.
Finalmente, quando tiver se convencido que não é esse o caminho para um aprendizado
completo, aceite nossa recomendação e procure uma escola que ofereça um
centro de convívio multicultural, um bom professor ou faça um
curso no exterior.
Ricardo - EMB
Q #167: How do you say
CORNO and BROXA in English?
Thanks a lot! Juliano da Costa Murad <jlmurad*yahoo.com> Nov
1, 98.
A: Dear Juliano,
There is a word for CORNO in English - cuckold - but it does
not have the same usage and connotation as the Portuguese word. It's more
literary and not colloquial at all. It's the kind of word that 6 or 7 out
of 10 native speakers never heard.
Once an American friend of mine asked me about the meaning of CORNO
and I, kind of smiling, explained that it referred to the husband of an
unfaithful wife. He thought it didn't make a lot of sense and didn't think
it was funny. He said that according to his understanding the man should
not be automatically blamed for his wife's unfaithfulness. He said that
rather than calling the man something, he would call the woman a slut or
a tramp.
In the American culture the possibility of any male sexual dysfunction is
not regarded with so much interest as in the Latin culture. Therefore, there is
not an equivalent for the word BROXA, with its funny and offensive connotation.
There is only the word impotent, which is not used as a curse. Different languages
reflect different cultures and environments. In the Eskimo language there are
close to 20 different words for snow, because they live in it and perceive differences.
Even when the facts are the same, the interpretation can be different.
Learning a language is complete only with the learning of the culture
it belongs to.
Regards, Ricardo - EMB
Q #166: Dear English Made
in Brazil teachers, I would like to know the meaning of THY, which is used
in sentences such as “Our father, who art in heaven, hallowed by THY
name…” and the other is THEE, which is used in the following sentence:
“Hail Mary, full of grace, the lord is with THEE. Thank you very
much and congratulations for the terrific job you have done on teaching
people the English language and mainly for showing all that information
for free on the Internet, which is really wonderful. Enio Marcio <teqsrs*yahoo.com>
Nov 1, 98
A: Prezado Enio
Thou = you (subject pronoun)
Thy = your (possessive adjective)
Thee = you (object pronoun)
Por exemplo: You have your books with you. = Thou have thy books
with thee (Tu tens teus livros contigo).
Essas são formas pronominais arcaicas, que correspondem à
segunda pessoa do singular. Eram usadas desde o século 12 até
o século 16 para dirigir-se a pessoas com um grau maior de intimidade
ou a pessoas de nível social inferior. Foram adotadas por grupos
religiosos como forma de tratamento universal, de acordo com sua crença
na igualdade de todos perante Deus.
Obrigado por sua visita ao nosso site.
Atenciosamente Ricardo - EMB
Q #165: Por gentileza qual o significado da palavra
beatles? O Webster diz não existir a palavra. A mais próxima é beetles
que significa besouros. Existem traduções em português da história dos Beatles
que indicam o sentido de besouros (beetles) gostaria de um esclarecimento sobre
esta questão. Aproveito para elogiar o site de vocês que já incluí nos meus favoritos.
Será possível encontrar free dowloads sobre dicionários inglês português? Antônio
Guimarães Bacelar e Letícia Victor Martins Bacelar <bacelar*microplanet.com.br>
Oct 25, 98.
A: Prezados Antônio e Letícia
Beatles não é uma palavra do vocabulário inglês,
apenas um nome. Sobre a origem desse nome, existe muita controvérsia.
Há quem diga que uma gangue de motociclistas liderada por Marlon
Brando num filme dos anos 40 ou 50 chamava-se the beetles, o que teria
posteriormente atraído a atenção de John, Paul, George,
etc. Existe também uma história dizendo que John Lennon havia
tido um sonho em alguém aparecia sobre chamas dizendo-lhe que eles
deveriam chamar-se beatles. O próprio John Lennon, entretanto, numa
entrevista afirma que ele começou a pensar na palavra cricket (grilo)
do grupo americano de rock Buddy Holly's Crickets, e daí em beetle
(besouro), mas queria algo com um duplo sentido, então trocou a
letra "e" por um "a" para que as pessoas pensassem
em besouro ao ouvir o nome, e em beat music (música ritmada) quando
vissem a palavra. Clique aqui para ouvir a voz do
John Lennon falando sobre isso.
É ainda interessante observar que existe a palavra beatnik,
significando membro de um movimento jovem nos anos 50 que rejeitavam os
valores convencionais da sociedade de então.
Quanto a dicionários inglês-português, em primeiro
lugar, nós não recomendamos muito o uso deles, pois preferimos
os monolíngues. Em segundo lugar, dos que existem, nenhum é
realmente bom. Eu sugiro uma busca na Internet.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #164: Hi, My name is Suzana. I've
just gotten back from San Francisco where I spent 8 months taking courses
at UC Berkeley and doing my internship. (Before that, I had taken so many
English courses in São Paulo but I never got fluency). I am really
eager to keep studying English, so my question is if there is an English
school which offers an "advanced-advanced" course for those who
studied abroad and have real fluency in English??? I am asking this because
I've been to some outstanding English schools here, I took tests and I
attended some classes to see the level of the students in the advanced
level. What I feel is that there is still a big distance for those who
studied abroad and got fluency there from those who are said to have fluency
under Brazilian standards. For now, I can only see one way to keep my English,
which is having private classes with English native speakers. This is not
the only way, right? Well, I hope to hear from you soon. Thanks. Suzana
<kwan*uol.com.br> Oct 18, 1998
A: Hi, Suzana!
Thank you for your visit to our web site and sorry for the delay in
replying.
Your problem is typical. Very unfortunately most of the people, ignoring
what the real language is, go for the big advertisers and end up speaking
a pidgin English. You are right in looking for native speakers. I wouldn't
say this is the only way, but it's surely the one most likely to be the
best for you.
Keep in touch.
Regards, Ricardo - EMB
Q #163: Que that, who e which
Eu gostaria de saber quais são as situações em que
o that pode ser colocado no lugar do who e do
which?
Obrigado. Thiago Ribeiro Mendes <thiagorm*projesom.com.br> Oct 18,
98.
A: Prezado Thiago,
1) Em primeiro lugar, temos que entender que which
e who podem ser pronomes interrogativos e pronomes relativos.
Pronome relativo é aquele que introduz uma cláusula relativa
tipo oração subordinada adjetiva. That, por
sua vez, pode ser pronome demonstrativo, advérbio, conjunção,
e também pronome relativo.
Exemplos de who e which:
- Who are you? / Which do you prefer?
- pronomes interrogativos.
- I thanked the man who helped
me. / The book which is on the table is mine. - pronomes
relativos.
Exemplos de that:
- This book is mine but that is
yours. - pronome demonstrativo
- I'm not that stupid.
- advérbio
- He explained that language acquisition is
not the same as language learning. - conjunção
Em frases curtas, a conjunção that é normalmente omitida:
- I think it's going to rain.
- The problem that the government
is trying to solve will affect the economy. - pronome relativo
É apenas na função de pronome relativo que which
e who podem ser comparados a that e por ele
substituídos. Esta é, a propósito, uma questão
muito frequentemente levantada por aqueles que estudam inglês.
Isto deve-se ao fato de que, no português, essas 3 opções
(that, who, which) correspondem sempre a uma única forma:
"que". A respeito desse assunto, dois aspectos devem ser
analisados:
2) Um pronome relativo pode funcionar como objeto e como
sujeito da oração subordinada.
2.a.) Quando estiver na função de objeto
(ocorrência mais comum), who(m) e which
podem ser substituídos por that ou simplesmente omitidos.
Exemplo:
The
man who(m) I saw was Mr. Jones.
The
man that I saw was Mr. Jones.
The
man I saw was Mr. Jones.
The book which
I read was excellent.
The book that
I read was excellent.
The book I read
was excellent.
Observações:
- who predomina sobre whom, cuja ocorrência
hoje está restrita a linguagem estritamente formal.
- em frases curtas é preferível omitir
o pronome relativo.
2.b.) Quando estiver na função de sujeito,
who e which podem ser substituídos por
that, mas nunca omitidos.
Exemplo:
I
thanked the man who helped me.
I
thanked the man that helped me.
The book which is
on the table is mine.
The book that is
on the table is mine.
A oração subordinada, entretanto, as vezes pode ser reduzida
a um simples adjunto adverbial:
Exemplo:
The book on the
table is mine.
Observações:
- na função de sujeito, o pronome relativo
who ocorre com mais frequência do que that.
- na função de sujeito, o pronome relativo
that ocorre com mais frequência do que which.
O uso excessivo de which pode ser percebido como linguagem
pedante.
Não deixe de ver Restrictive
& Nonrestrictive Clauses, um estudo mais completo sobre o uso
desses 3 pronomes relativos em inglês.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #162: Dear friends,
Once again I'd like congratulate you for this wonderful web site. My
name is Vladimir and I need your help to choose another English dictionary.
Unfortunately, I still can't travel to learn English in a country where
it's is the official language, but I'm trying hard to learn it here and
at this moment I do belive that good monolingual dictionaries, as you say
in the page, are better than the bilinguals. Thus, I ask you the indication.
Thanks and goodbye.
Vladimir Freire de Jesus <ajesus*elo.com.br> Oct 16, 98.
A: Dear Vladimir,
If you are into American English, you should consider the Merriam-Webster
dictionaries. If your preference is for British English, especially if
you are interested in etymology, you should think about the Oxford dictionaries.
Both have many different editions. Some are huge and others too small.
Newer dictionaries tend to be better than old editions.
We have the biggest Merriam-Webster (Third New International). We also
have the Webster's Collegiate Dictionary - Tenth Edition, which is a very
nice medium size dictionary, and the New Oxford Dictionary of English (1998),
an excellent modern version of the traditional Oxford. Be careful with
the name Webster which these days is of public domain. It is used by a
number of publishers and is no guarantee of quality alone. Merriam-Webster
is the name you should look for.
Sincerely, Ricardo - EMB
Q #161: O papel dos pais no aprendizado dos filhos
7) Como os pais podem ajudar o filho neste processo de aquisição de uma nova
língua (nossa revista é voltada para os pais, portanto são
necessárias dicas)? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br>
Oct 8, 98.
A: Em primeiro lugar, os pais monolíngues devem cuidar para não caírem no erro
elementar de acreditar que para se falar uma língua estrangeira tem que se estudar, isto é, adquirir conhecimento
a respeito dela, memorizar vocabulário, e que isso só se alcança através de esforço,
e que esse esforço deve ser imposto e cobrado.
Embora diferentes línguas estejam normalmente associadas a diferentes pessoas, os pais que falam inglês
(bem) podem ajudar criando rotineiramente momentos de interação familiar em inglês. A criança
passará a ver o idioma estrangeiro inicialmente com curiosidade e interesse, e a seguir com com naturalidade, despertando-lhe
a consciência da existência de diferentes sistemas de comunicação humana. A produção
oral pode demorar muito e deve iniciar espontaneamente, nunca forçada.
Finalmente, os pais devem saber encontrar um ambiente de convívio
que proporcione language acquisition para seus filhos. Aqui cabem
dois alertas:
Primeiro: É grande a responsabilidade ao se colocar crianças
que ainda não atingiram a idade crítica (e mesmo depois),
em clubes, cursinhos ou escolinhas que oferecem cursos de inglês
atrelados a planos didáticos rígidos (ênfase em learning)
ou com instrutores cuja proficiência seja limitada. Sotaque e outros
desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo
serão transferidos à criança, causando danos irreversíveis.
Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz.
Esta é uma área de atividade muito vulnerável a um
comércio inescrupuloso e amador que facilmente e frequentemente
explora a boa-fé daqueles que buscam o melhor para seus filhos sem
poupar esforços.
Segundo: Uma vez que o momento e a forma ideal de se alcançar proficiência
em línguas estrangeiras é a idade escolar, e sendo bilinguismo uma qualificação
básica do indivíduo na sociedade moderna, compete às escolas primária e secundária
proporcionar ambientes de language acquisition - e já! Os pais devem começar
a se conscientizar disso e exigi-lo, principalmente daquelas escolas particulares
cujas receitas não justificam nenhuma postergação.
Ricardo - EMB
Q #160: 6) Quem deve ensinar
a língua: professores, pais, amigos etc, e onde deve ser iniciado
este estudo: em casa, numa escola normal, numa escolinha específica
etc? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8,
98.
A: Em primeiro lugar temos que entender que a criança
não é ensinada; ela aprende. A nós, cabe apenas criar
o ambiente propício. Este ambiente, ao contrário dos ambientes
de adultos, que tendem a ser conceptuais e abstratos, deve ser autêntico,
material e concreto, com amplo espaço para improvisação
e criação. No plano psicológico-afetivo deve haver
uma conexão forte entre aprendiz e facilitador. Este, deve saber
desempenhar um papel mais de assistente e menos de líder, abrindo
espaço nos momentos em que o aprendiz se predispõe à
ação e a assumir a liderança.
É preciso também entender claramente a hipótese
acquisition/learning de Stephen Krashen
em sua amplamente aceita e respeitada teoria sobre aprendizado de línguas
estrangeiras:
- O conceito de language learning está ligado à
abordagem tradicional ao ensino de línguas. Refere-se ao entendimento
pelo aluno da estrutura e das regras do idioma através de esforço
intelectual e de sua capacidade dedutivo-lógica. É um processo
progressivo e cumulativo, através do qual busca-se oferecer ao aluno
conhecimento a respeito da língua estrangeira, de sua estrutura,
conhecimento esse que espera-se venha a se transformar na habilidade de
entender e falar essa língua.
- Language acquisition refere-se ao processo de assimilação
natural, subconsciente, intuitivo, fruto de situações reais
de interação humana. É semelhante ao processo de assimilação
da língua materna pelas crianças; processo esse que produz
habilidade prática e não necessariamente conhecimento. Exemplo
frequente de language acquisition é o de adolescentes
e jovens adultos que residem em países de língua e cultura
estrangeira durante um ano ou dois e atingem um grau de fluência
quase equivalente ao de língua materna.
Em language learning, o professor ensina um conteúdo predeterminado
e o aluno adquire conhecimento; em language acquisition não
há professor, há apenas interação humana intercultural
através da qual o aluno constrói sua própria habilidade,
na direção de seus interesses.
Krashen finalmente sustenta que language acquisition explica não só
o desenvolvimento da língua materna, mas também a assimilação de línguas subsequentes,
sendo mais importante do que language learning para a assimilação da língua
estrangeira, não só para crianças, mas até mesmo para adultos.
Portanto, o que a linguística aplicada moderna preconiza
(especialmente para crianças!) é acquisition. E para
que acquisition ocorra, é preciso que a criança esteja
situada em um ambiente de convívio caracterizado pela língua
e pela cultura estrangeira. Um ambiente desses, entretanto, dificilmente
pode ser criado artificialmente. O elemento fundamental desse ambiente
são as pessoas que o compõem.
Se os pais, por exemplo, falarem o idioma estrangeiro como língua materna, irão
naturalmente transmiti-lo para a criança no convívio familiar. Entretanto, pais que falam o idioma estrangeiro, porém não habitualmente e não como língua materna, não devem iludir-se
com a possibilidade de ensiná-lo a seus filhos, uma vez que ambientes de language
acquisition são dificilmente criados artificialmente. A língua usada é parte
importante do relacionamento entre duas pessoas. A intimidade de um ambiente familiar
tem uma identidade única, tornando-se difícil criar ambientes múltiplos, caracterizados
por diferentes línguas. A língua que a família usa é a língua que a criança assimilará.
Para assimilar outras línguas, a criança terá que frequentar outros ambientes, conviver com outras pessoas.
Se o ambiente familiar não oferecer language acquisition,
pode-se buscá-lo em outros ambientes (escola de línguas),
nos quais o papel do facilitador continua sendo essencial.
Para se criar um ambiente de acquisition em sala de aula, devemos
abrir mão de planos predeterminados e o professor deve funcionar
como facilitador, preenchendo dois requisitos básicos: domínio
sobre o idioma e competência cultural em nível de língua materna
e habilidade pessoal para saber construir um relacionamento e saber explorar
os aspectos psicológicos e afetivos do aprendizado de línguas
da criança. Predeterminar o rumo desta relação através
de um plano didático seria contraproducente. Atividades predeterminadas,
sem lugar para improvisação, são intrusivas, inibem
a criatividade e ignoram diferenças individuais. É o ato
de criar que proporciona o desenvolvimento cognitivo da criança
e a língua que se pretende seja aprendida pela criança é
a que deve ser usada no processo. Quaisquer materiais ou atividades planejadas
por adultos, estariam na contramão.
O ideal é que o facilitador seja um falante nativo da língua
alvo e tenha dificuldade com a língua materna da criança,
pois isto possibilita a inversão de papéis fazendo a criança
sentir-se as vezes superior e desenvolvendo-lhe a autoestima. Se o facilitador
falar inglês com sotaque e com outros desvios que normalmente caracterizam
aquele que não é nativo, a criança os assimilará,
e talvez para sempre.
Podemos classificar em ordem de preferência os ambientes ideais
de language acquisition:
a) Um país de origem da língua e da cultura que
se procura adquirir. Por exemplo, os Estados Unidos ou a Inglaterra para
inglês. Neste ambiente os facilitadores seriam todos: amigos, colegas,
professores, e talvez o(s) próprio(s) pai(s).
b) Um ambiente familiar, como o descrito anteriormente.
c) Uma escola de línguas que saiba criar ambientes de
convívio em que acquisition possa ocorrer. Aqui a existência
ou não de um plano didático é absolutamente irrelevante.
O fundamental é que o(s) facilitador(es) preencham os dois requisitos
básicos: pleno domínio do idioma e habilidade de construir
fortes vínculos com crianças no plano afetivo.
Ricardo - EMB
Q #159: 5) Por que 12
anos é considerada uma idade limite para aprender? "Tânia
Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
A: Eu não consideraria 12 anos uma idade limite
para aprender. Eu diria apenas (e estudos assim revelam) que entre 12 e
15 anos aproximadamente, o ser humano perde gradativamente a capacidade
de assimilar uma língua estrangeira com perfeição;
ou seja, sem acento estrangeiro. Em outros aspectos como estrutura, vocabulário,
redação, etc, a capacidade permanece. Nós testemunhamos
no nosso dia-a-dia adultos de 40 e 50 anos fazendo progresso. Veja
aqui mais sobre as diferenças entre crianças e adultos no
aprendizado de línguas.
Ricardo - EMB
Q #158: 4) Qual o ritmo
de assimilação da criança? (podem aprender quantas
línguas, palavras, etc, e em quanto tempo diferentes dos adultos)
"Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
A: O ritmo de assimilação depende do grau de imersão e do tempo
de exposição. Minha filha mais velha, por exemplo, aos 3 anos de idade, até então
monolíngue em português, foi viver no Japão. Em menos de 6 meses falava japonês
fluentemente, e em um ano, como língua materna. Com 6 anos, fomos de muda aos EUA.
Novamente, ela se tornou fluente em inglês com 6 meses e alcançou domínio equivalente
ao de língua materna em 1 ano e meio. Eu diria que essa é a regra para crianças. Quando
finalmente retornamos ao Brasil, depois de 5 anos e meio de ausência, o português
dela levou cerca de 8 ou 10 meses para se tornar igual ao de outras crianças da
mesma idade.
Já no caso de adultos, existe uma variação muito grande com relação
ao ritmo de aprendizado e ao teto, mas sem dúvida a quantidade de exposição é
sempre um fator de grande peso. Veja aqui mais sobre fatores
que afetam o ritmo de assimilação.
Também é importante não se iludir com a suposta relação entre proficiência em
língua estrangeira e quantidade de vocabulário. Não existe no âmbito da linguística
aplicada teoria equacionando habilidade em línguas com conhecimento de vocabulário. Já vi pais se
esforçando para ensinar vocabulário a seus filhos com perguntas do tipo: "como se diz casa em inglês?", o
que é de
pouca utilidade. Mais útil
seria os pais ocasionalmente falarem inglês entre si, mesmo que com um domínio limitado, apenas para despertar
na criança sua consciência para a existência de outros meios de comunicação, além
da língua materna. Vendo a língua em seu papel funcional, vai despertar também curiosidade e interesse.
Ricardo - EMB
Q #157: 3) No cérebro,
como se processa a aprendizagem na infância? "Tânia Belickas"
<belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
A: Na ausência de evidência científica conclusiva, a hipótese
mais aceita hoje é de que a capacidade de assimilação de línguas está relacionada
com a lateralização dos hemisférios cerebrais. Sabe-se que os dois hemisférios
cerebrais desempenham funções diferentes.
O lado esquerdo é o lado lógico, analítico, dedutivo,
enquanto que o direito é o lado criativo, artístico, sensível,
responsável por intuições, emoções,
sentimentos.
O hemisfério direito seria, por assim dizer, a porta de entrada
das experiências e a área de processamento dessas experiências
para transformá-las em conhecimento.
Uma vez que línguas são sistemas demasiadamente complexos, irregulares e abstratos
para poderem ser resumidos e classificados em um conjunto de regras (principalmente
o inglês!), e compreendidos através de esforço intelectual e estudo formal, portanto
via hemisfério esquerdo, acredita-se que a assimilação da língua ocorra predominantemente
via hemisfério direito e acabe sedimentada no hemisfério esquerdo como habilidade
permanente.
Ricardo - EMB
Q #156: 2) A língua
é uma habilidade ou um talento inato? "Tânia Belickas"
<belickas*sti.com.br> Oct 8, 98.
A: É ambos. Todo ser humano nasce com a capacidade
ou o talento necessários para adquirir linguagem. Domínio
sobre línguas é sem dúvida habilidade e não
conhecimento, como até hoje muitos acreditam. A abordagem ainda
predominante nas escolas secundárias, por exemplo, peca por esse
erro elementar.
Ricardo - EMB
Q #155: Qual a idade ideal para começar?
Meu nome é Tânia Belickas, sou jornalista, trabalho numa revista chamada Meu
Nenê, da Editora Símbolo, em São Paulo, e gostaria de conversar com o professor
Ricardo Schütz sobre o tema: aprendizado precoce do inglês entre crianças.
1) Qual a idade ideal para começar o ensino de uma língua?
Por que? "Tânia Belickas" <belickas*sti.com.br> Oct
8, 98.
A: Prezada Tânia.
Muito obrigado pelo interesse em nosso trabalho.
Eu diria que não se trata tanto de uma questão de idade,
mas sim de oportunidade. Qualquer criança, de 1 a 10 ou 12 anos
de idade, que estiver exposta a situações reais e concretas
em ambientes de interação humana, vai assimilar não
só a linguagem desse ambiente, mas tudo aquilo que o caracteriza.
Por exemplo, se a interação humana da qual a criança
participa em seu ambiente for caracterizada por frequente agressividade,
pode-se esperar agressividade da criança. Se for o ambiente caracterizado
por reflexão inteligente e ponderação, certamente
veremos essas qualidades refletidas no comportamento também da criança.
Se a linguagem a que a criança estiver exposta caracterizar-se
por desvios de pronúncia e excepcionalidade idiomática, os
mesmos ficarão gravados como marcas sobre cimento fresco. É
por isso que a questão oportunidade se sobrepõe em importância.
Tudo depende da oportunidade de se encontrar para a criança um ambiente
natural de situações autênticas e reais de interação
humana na língua estrangeira, e que essa língua não
contenha desvios.
Ricardo - EMB
PERGUNTAS & RESPOSTAS:
ÍNDICE
JULHO 2005 - DEZEMBRO 2006 | JANEIRO - JUNHO 2005
JULHO - DEZEMBRO 2004 | JANEIRO - JUNHO 2004
JULHO - DEZEMBRO 2003 | ABRIL - JUNHO 2003
JANEIRO - MARÇO 2003 | OUTUBRO - DEZEMBRO 2002
JULHO - SETEMBRO 2002 | ABRIL - JUNHO 2002
JANEIRO - MARÇO 2002 | OUTUBRO - DEZEMBRO 2001
JULHO - SETEMBRO 2001 | ABRIL
- JUNHO 2001
JANEIRO - MARÇO 2001 | OUTUBRO
- DEZEMBRO 2000
JULHO - SETEMBRO 2000 | ABRIL - JUNHO 2000
JANEIRO - MARÇO 2000 | OUTUBRO
- DEZEMBRO 99
JULHO - SETEMBRO 99 | ABRIL - JUNHO 99
JANEIRO - MARÇO 99 | OUTUBRO - DEZEMBRO 98
JULHO - SETEMBRO 98 | JANEIRO - JUNHO 98
MARÇO - DEZEMBRO 97 | SETEMBRO 96 - MARÇO
97
Mande suas consultas para um dos endereços abaixo
e nós responderemos com a maior brevidade possível. As perguntas
interessantes, juntamente com as respostas, serão publicadas com
o nome do autor.
Menu
Principal | Mensagens
Recebidas do Público
Nossa
Missão | Nossa
Equipe | Patrocinadores