English Made in Brazil
--------- E D U C A T I O N A L S I T E ----------
----------------------------------------------------------------------------------
Schütz &
Kanomata - ESL
NATIVE
SPOKEN ENGLISH
PATROCINADOR
ARQUIVO 9 - PERGUNTAS
E RESPOSTAS DE OUTUBRO A DEZEMBRO 99
Este foro é aberto ao público. Todos são convidados a perguntar,
questionar, divergir, opinar, ou esclarecer. Mande suas consultas e opiniões para
um dos endereços abaixo e nós responderemos com a maior brevidade possível. As
mensagens de interesse geral, juntamente com as respostas, serão publicadas com
o nome do autor. Consultas em inglês serão respondidas em inglês; consultas em
português serão respondidas em português.
As opiniões aqui emitidas
não são de responsabilidade do patrocinador deste site.
Conheça
aqui a equipe do English Made in Brazil
Q #289: Perguntas sobre a teoria de Krashen
Prezado Professor Schütz,
Seguem algumas dúvidas:
Q: A filosofia de ensino do professor Krashen diz
o seguinte: "The Natural Order hypothesis is based on research findings
(Dulay & Burt, 1974; Fathman, 1975; Makino, 1980 cited in Krashen, 1987) which
suggested that the acquisition of grammatical structures follows a 'natural order'
which is predictable. This order seemed to be independent of the learners' age,
L1 background, conditions of exposure, and although the agreement between individual
acquirers was not always 100%, there were statistically significant similarities
that reinforced the existence of a Natural Order of language acquisition."
Pergunta: Você poderia explicar em mais detalhes o que esta hipótese
realmente significa? "Marcelo Azevedo" <lenci*mandic.com.br> Dec
22, 99
A: Significa que estudos principalmente com crianças
revelam que as mesmas, ao assimilarem a primeira língua, apresentam desenvolvimento
sequencial semelhante. Ou seja, tendem a assimilar determinadas estruturas
antes do que outras. Esta hipótese entretanto é pouco relevante,
pois o próprio Krashen afirma: "I should point out here, however,
that the implication of the natural order hypothesis is not that our syllabi should
be based on the order found in the studies discussed here, that is, I do not recommend
teaching _ing early and the third person singular /s/ late. We will, in fact,
find reason to reject grammatical sequencing in all cases where our goal is language
acquisition." (Krashen. Principles and Practice in Second Language Acquisition,
page 14)
Q: Krashen também diz: "The Input hypothesis
is Krashen's attempt to explain how the learner acquires a second language. In
other words, this hypothesis is Krashen's explanation of how second language acquisition
takes place. So, the Input hypothesis is only concerned with 'acquisition',
not 'learning'. According to this hypothesis, the learner improves and progresses
along the 'natural order' when he/she receives second language 'input' that is
one step beyond his/her current stage of linguistic competence. For example, if
a learner is at a stage 'i', then acquisition takes place when he/she is exposed
to 'Comprehensible Input' that belongs to level 'i + 1'. Since not all of the
learners can be at the same level of linguistic competence at the same time, Krashen
suggests that natural communicative input is the key to designing a syllabus,
ensuring in this way that each learner will receive some 'i + 1' input that is
appropriate for his/her current stage of linguistic competence."
E em uma de suas respostas você explica: "The Communicative
Language Teaching: the basic unit of language became not the sentence, but the
communicative act. Communicative competence rather than grammatical competence
is the goal."
Pergunta: Como isto é estruturado? Como o mesmo funciona na prática?
A: Exatamente na forma daquilo que preconizamos, e de forma
natural. Tanto alunos como instrutores devem estar imbuídos de que o plano
psicológico-afetivo é mais relevante do que o técnico-didático.
O importante não é receber e acumular conhecimento, mas sim desenvolver
habilidade comunicativa. O instrutor tem que se colocar no plano do aluno. Falar
de sexo e drogas quando estiver trabalhando com adolescentes e de economia e política
quando trabalhar com adultos e empresários. Conhecimento até pode
ser transmitido nas sessões de conversação, inclusive questões
linguísticas e pontos gramaticais discutidos, desde que comunicação
na target language ocorra. E para que essa comunicação ocorra,
naturalmente o input a que Krashen se refere terá que ser comprehensible.
Mesmo um instrutor menos preparado, tendo plena desenvoltura com a língua
e sabendo que seu objetivo maior é construir um relacionamento com os alunos,
estará naturalmente proporcionando comprehensible input.
Q: Como são trabalhados os fatores afetivos e psicológicos
(desmotivação, perfeccionismo, falta de confiança, dependência
da eloquência, autoconsciência, ansiedade e provincianismo) dentro
da teoria de Krashen?
A: Krashen não se aprofunda muito nos aspectos da psicologia
cognitiva, embora admita a necessidade de mais pesquisa nesta direção.
Aqui entra a habilidade do instrutor. Aqueles com formação na área
da psicologia teoricamente teriam melhor preparo. Entretanto, como eu já
afirmei anteriormente, nem sempre aqueles que têm a melhor formação
educacional são os que demonstram melhor desempenho. De qualquer maneira,
as questões acima devem fazem parte do treinamento que instrutores devem
receber. Outro aspecto a considerar é o tamanho dos grupos e o grau de
homogeneidade dos mesmos. Os obstáculos afetivos e psicológicos
acima só poderão ser plenamente tratados em uma aula particular.
À medida em que aumenta o número de participantes por grupo, ou
o grau de heterogeneidade, diminui a possibilidade de tratamento para os problemas
acima. Estas questões podem e devem também ser discutidas com os
alunos. Isto entretanto não significa que o obstáculo estará
removido. Significa apenas que o aluno-paciente terá dado seu primeiro
passo ao tomar consciência da existência do problema.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #288: Prezado Ricardo Schütz,
Sou Procurador de Justiça do Distrito Federal. Estou lhe escrevendo
para pedir uma orientação. Estou com dois grupos para iniciar em
início de fevereiro. Um é da Escola Superior do Ministério
Público, com 6 a 10 participantes, e o projeto pedagógico é
aquele que lhe enviei. A ideia é trabalhar com o livro HOW TO STUDY
LAW, que contém toda a introdução ao sistema do Common Law,
numa linguagem simplificada, com uma introdução geral e capítulos
com explicações e exercícios englobando a leitura de casos
e legislação (reading cases and statutes). Penso em utilizar
transparência ou powerpoint para o grupo seguir a leitura com explicações.
Terminado o módulo de introdução ao sistema do Common Law,
em 4 a 6 sessões, passaríamos aos seminários de texto, com
distribuição de seminar sheets com o conteúdo resumido de
julgados da Suprema Corte Americana, extraídos do livro HOW THE SUPREME
COURT HAS RULED FROM A TO Z. É uma enciclopédia condensada contendo
um resumo dos leading cases da Suprema Corte.
O segundo grupo é de 8 juízes que farão uma visita de
intercâmbio cultural nos EUA.
O que vc sugere que eu utilize (um manual para professor, uma técnica
que torne o curso produtivo e ao mesmo tempo agradável, etc.). E quanto
a como conduzir essas sessões (aulas)? Gostaria também de orientação
quanto à avaliação dos candidatos ao curso de Inglês
da Escola Superior.
Renato Sócrates Gomes Pinto <rsgp*persocom.com.br> Dec 21, 1999
A: Prezado Renato,
Todo professor é também um pouco de ator. Além de habilidade
com a língua e conhecimento, as características de personalidade
são um fator determinante. Leia O que é
um bom instrutor.
1) Inglês jurídico - Sua abordagem nos parece perfeita.
Você poderá encontrar informações úteis sobre
reading comprehension em nossa página: Interpretação
de textos.
2) Avaliações - De acordo com nossa experiência,
e dentro de nossa abordagem, um aspecto tão ou mais importante do que o
nível de proficiência do aluno, é seu perfil, isto é,
sua característica de personalidade (se introvertido ou extrovertido),
sua idade e sua área de interesse profissional. No caso de seus programas,
e você tem sorte nisso, o público é provavelmente por natureza
homogêneo. São provavelmente de idades semelhantes e certamente de
interesses profissionais comuns. Portanto, eu não me preocuparia muito
com pequenos desníveis de proficiência. No seu programa de inglês
jurídico, uma vez que trabalharão em pequenos grupos, qualquer desnível
que houver servirá para definir a dinâmica de cada grupo de trabalho,
com o natural surgimento de uma liderança representada pelo membro do grupo
de nível de proficiência superior.
Receio não termos nenhuma receita milagrosa para você; tampouco
acreditamos que você precise de uma. Seu programa tem tudo para ter êxito.
Sugerimos que no futuro você mantenha contato com universidades do exterior
convidando estudantes de Direito ou advogados recém formados a participarem
deste programa.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #287: Prezados Amigos, Tenho as seguintes dúvidas e, caso
vocês as saibam, digam-me as respostas:
a) Por que a palavra "shy" varia em grau como "shyer"
ou "the shyest"... por que ela não tem o "y" trocado
por "i".... eu sei que é fonética a razão mas não
vejo lógica nisso.
R: Prezado Ismar,
Línguas em geral não têm lógica; o inglês
em especial.
Quanto ao adjetivo shy, em inglês norte-americano, as duas ortografias
são usuais: shier e shyer.
b) Qual a origem do nome "soap-opera"... fica estranho a
tradução em separado...
R: soap opera (telenovela) é composto da palavra soap
(sabão, sabonete) + opera (ópera) e sua origem não
é tão antiga. Com a popularidade da televisão nos anos 50
nos EUA, surgiram os dramas melodramáticos retratando situações
domésticas cotidianas. Aqueles programas da televisão americana
eram (como o são ainda hoje) predominantemente no horário após
o almoço, e eram dirigidos principalmente ao público feminino.
É preciso entender que na época a indústria de cosméticos
não dispunha da mesma variedade de produtos supostamente proporcionadores
de beleza tais como xampus, condicionadores, reparadores de pontas, rinse, pomadas,
cremes e líquidos hidratantes, exfoliantes, antioxidantes, rejuvenescedores,
etc. Os produtos que na época exploravam a ideia de proporcionar
beleza, tanto à pele como aos cabelos, eram simplesmente os sabonetes.
É preciso também entender que uma grande porcentagem da população
feminina na época não possuía carreira profissional nem emprego,
e encontrava-se normalmente em casa neste horário após o meio-dia.
Se aceitarmos o fato de que grande parte do público feminino é atraído
por melodramas, e de que este mesmo público tem preocupação
com a beleza estética e é facilmente influenciado pela ideia
de adquiri-la, facilmente entenderemos porque os melodramas em TV eram frequentemente
patrocinados por marcas de sabonete, dando origem ao termo soap opera.
Finalmente, se considerarmos que óperas foram no século passado
e no início deste uma das mais altas manifestações artístico-culturais
da humanidade, facilmente compreenderemos o tom irônico da palavra opera
na expressão soap opera para as telenovelas de hoje. Esta e outras
explicações etimológicas interessantes você encontra
em Etimologia.
c) Thanks! ... Por que a expressão recebe o "s"
e fica ainda correta?!
R: Novamente aqui posso perceber que você procura encontrar lógica
na estrutura da língua. Se você se conformar com o fato de que línguas
são do jeito que são, que se desenvolveram à revelia de quaisquer
normas eruditas, de forma incontrolada, de que a estrutura de uma língua
é demasiadamente complexa, irregular e abstrata para ser categorizada e
explicada através de regras, de que pouco adianta aplicar seu esforço
intelectual para entender a lógica ou o porquê das irregularidades,
provavelmente encontrará menos frustrações ao longo de seu
aprendizado. Uma resposta possível à sua pergunta seria: porque
assim 200 ou 400 milhões de pessoas estão acostumadas a se expressar.
Outra resposta, que provavelmente vai lhe agradar mais, é de que o uso
popular consagrou a palavra na função de substantivo também,
além de verbo, como por exemplo, na expressão "many thanks",
cuja forma abreviada vem a ser "Thanks".
d) "Faculty" é ou não falso cognato?
R: Faculty tem 3 significados de ocorrência frequente:
1) teaching staff (corpo docente), 2) habilidade ou faculdades mentais
(igual a português), departamento de universidade (igual a português).
Portanto, é só em um dos significados que "faculty"
pode ser classificado como falso cognato.
e) O "shall" pode ser substituído por "will"
em "I" e "we"... me parece que "shall" está
em desuso nos Estados Unidos.
R: O único país em que o uso de "shall"
como tempo futuro ainda ocorre, é a Inglaterra. Nos demais países
de língua inglesa, já não ocorre, e mesmo na Inglaterra,
já é comum a substituição de "shall"
por "will".
f) "Mummy" significa mamãe e múmia...não
é um paradoxo... a palavra traz problemas de entendimento imediato... (risos)
R: Este problema só ocorre no inglês britânico.
No inglês norte-americano são duas palavras diferentes, tanto na
ortografia quanto na pronúncia.
mummy (múmia) é pronunciado /mâmiy/ como em "but"
mommy (mamãe) é pronunciado /mamiy/ como em "park"
Pode haver dificuldade na diferenciação das pronúncias
acima para nós que falamos português, espanhol, ou qualquer língua
que tenha um sistema de vogais mais simplificado que o inglês. Veja mais
sobre isso em Vogais do Português e do Inglês.
g) Posso usar a preposição na seguinte expressão
"on my opinion"
R: Na expressão acima a preposição usada é
"in".
h) Onde posso conseguir um livro ou artigos que ilustre(m) dinâmica
dentro de sala de aula com alunos do ensino médio... Preciso conhecer certos
tipos de atividades (jogos, brincadeiras, etc..) que tornem mais atrativas as
aulas de ensino médio com turmas de até 50 alunos. "Ismar Borges"
<ismargo2000*uol.com.br> Dec 17, 99
R: Desenvolver habilidade em língua estrangeira num grupo de
50 alunos? Brincadeira!
Em todo caso, você encontrará muitas ideias interessantes
para atividades em aula em inúmeros sites na Internet. Você pode
começar a busca pelo Dave's
ESL Cafe.
Obrigado pela visita ao nosso site.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #286: My questions are the following: 1. longo
prazo = long term, ok, but what preposition comes with it in "a longo prazo"?
2. CDF (the one who studies really hard)? How would you say these? Thanks a lot
again. Regards, Ingrid <penglish*lj.conex.net> Dec 14, 99
A: Hi Ingrid,
1) The expression long term is not normally used as a prepositional
phrase like in Portuguese, but as an adjective: a long-term project, the long-term
effects;
A less common use would be: sales are expected to increase in the long
term.
2) "Nerd" is the closest in American English. But
you can also consider "bookworm" to refer to someone who studies
a lot; "teacher's pet" to refer to a puxa-saco; or "geek"
in British to refer to someone who doesn't mix well with peers.
Take care, Ricardo & Linda - EMB
Q #285: CPE para tornar-se um professor de inglês?
Prezados Senhores, primeiramente eu gostaria de parabenizá-los pelo
excelente trabalho que têm realizado. Meu nome é Carolina,
sou advogada recém formada e durante a faculdade dei aulas de inglês.
Há um ano estou sem lecionar e gostaria de reciclar e aprimorar meus conhecimentos,
para voltar a dar aulas numa escola de qualidade. Tenho o FCE e o CAE,
da Universidade de Cambridge, e pretendo fazer os exames para o CPE.
Seria esta a melhor opção, já que sou apaixonada pelo inglês britânico?
Como melhorar a minha fluência (perdida
em parte pela falta de contato com o inglês no último ano) e ser
uma BOA INSTRUTORA DE INGLÊS, se não tenho possibilidade de ficar
muito tempo fora do país, pois sou casada e tenho um filho de dois anos?
Há algum curso de no máximo quatro semanas na Inglaterra, onde eu
possa melhorar a minha fluência? Grata desde já,
Carolina Castro <jcc*milenio.com.br> Dec 10, 99
A: Prezada Carolina,
Os 3 aspectos que influem na qualificação de um instrutor de
inglês são:
1) Proficiência, isto é, habilidade com a língua
e familiaridade com a cultura, o que depende de contato e prática;
2) Qualificação acadêmica e experiência na
área da linguística aplicada (TESL, TEFL), isto é, psicologia
cognitiva e educacional, metodologia, fonologia;
3) Características de personalidade.
Para se tornar uma boa instrutora, você pode buscar seu desenvolvimento
nos dois primeiros itens. O terceiro faz parte da formação da pessoa,
dificilmente podendo ser alterado.
Quanto a exames de proficiência, eles têm unicamente a função
de avaliar, isto é, tirar um retrato de seu inglês naquele momento
em que você a eles se submete. Portanto, o CPE, embora seja um excelente
exame de avaliação, não vai lhe proporcionar o desenvolvimento
de nenhum dos 3 aspectos acima. Servirá apenas para provar, àqueles
que duvidarem, que você domina bem o inglês.
Sobre qualidades de um professor, veja O que
é um Bom Professor.
Sobre programas de inglês no exterior, veja Inglês
e Intercâmbio para Adultos e Escolas
de Inglês na Inglaterra.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #284: Uma rápida história do ensino de línguas
no Brasil
Caro Ricardo,
Gostaria de obter algumas informações a respeito da história
do ensino de língua inglesa no Brasil. Eu preciso de alguns dados, como
por exemplo datas, nomes de escolas, etc. Gostaria também de saber quais
foram as primeiras escolas de inglês do país e que metodologia usavam
em cada época. Muitíssimo obrigada.
Lisandra A. Oliveira <lisandraoliveira*hotmail.com> Wagga Wagga - NSW-
Australia. Dec 10, 99
Prezada Lisandra,
Quando minha avó se formou professora por volta de 1910, para lecionar nos colégios
elementares de então, já se ensinava inglês e francês. O marco inicial na história
do ensino de línguas estrangeiras no Brasil entretanto, situa-se um século antes.
Foi o Decreto de 22 de junho de 1809, assinado pelo Príncipe Regente de
Portugal D. João VI, recém chegado ao Brasil, que mandava criar uma cadeira de
língua francesa e outra de inglesa. Já a carta régia de janeiro de 1811, criava
o lugar de intérprete de línguas na Secretaria do Governo da Bahia. (Leia mais
sobre o Século 19 e o ensino de línguas no Brasil consultando a excelente tese de Luiz Eduardo Meneses de Oliveira em: http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/teses/tese19.doc)
A década de 1930 representou um impulso no ensino de inglês no Brasil devido
às tensões políticas no mundo que vieram a culminar na Segunda Guerra Mundial.
A difusão da língua inglesa no Brasil passou a ser vista como uma necessidade
estratégica para contrabalançar o prestígio internacional da Alemanha que encontrava
no Brasil particularmente eco devido à imigração ocorrida no século anterior.
Assim, em 1935 surgiu o primeiro acordo de cooperação entre a "Escola Paulista
de Letras Inglesas" e o Consulado Britânico, dando origem à "Sociedade Brasileira
de Cultura Inglesa", precursora da atual Cultura Inglesa. Em 1938 surgiu, também
em São Paulo, o primeiro instituto binacional com o apoio do consulado norte-americano:
o "Instituto Universitário Brasil-Estados Unidos" que mais tarde foi renomeado
"União Cultural Brasil-Estados Unidos". Foi só a partir da década de 1960
que iniciou a proliferação dos cursos comerciais operando em redes de franquia.
TIPOS DE ESCOLAS
Além do ensino de inglês em escolas do Ensino Médio, são basicamente 3 os tipos de cursos livres de inglês encontrados hoje no Brasil.
Institutos binacionais: Em grandes cidades encontramos sempre
os institutos binacionais. Estes possuem a tradição de se preocuparem mais com
qualidade e aparentam ter maior seriedade e um objetivo menos comercial-expansivo.
A maioria entretanto ainda utiliza uma metodologia convencional atrelada a um
plano didático, e não mostram resultados surpreendentes. Veja
aqui uma lista desses institutos no Brasil.
Cursos franqueados: Existe também um grande número de
cursos operando sob o mesmo nome, dentro do sistema de franquia, os quais investem
maciçamente em propaganda e empregam professores que podem variar de bons
a sofríveis. Ao colocar ênfase no plano didático, no livro, o sistema de franquia
não apenas negligencia em parte os requisitos de qualidades pessoais do instrutor,
como também limita a ação daquele instrutor que por ventura for competente e
criativo. Veja aqui uma série de perguntas
e respostas sobre o sistema de franquia no ensino de línguas.
Escolas independentes: Em paralelo aos cursos franqueados, estão
começando a surgir hoje em significativos números escolas independentes, normalmente
iniciativa de pessoas com competência própria, que dispensam a receita didática
e a fachada institucional de um franqueador. Embora estas escolas independentes representem uma probabilidade
maior de proporcionarem um aprendizado eficaz, não representam absolutamente
garantia de qualidade.
Escolas bilíngues: A partir da década de 2000, começaram a surgir escolas de educação infantil autodenominadas “bilíngues”. São fruto de uma nova realidade e se constituem numa reação aos cursos de línguas tradicionais. Partem do fato de que o aprendizado de línguas é muito mais eficaz na infância e de que, no mundo conectado de hoje, a maioria dos jovens já têm contato e familiaridade com a língua inglesa. Oferecem atividades onde a língua não é objeto de estudo, mas sim instrumento de comunicação para atividades educacionais diversas.
É preciso, entretanto, atentar para o fato de que autodenominar-se “escola bilíngue” não significa que realmente o seja. Bilinguismo, a rigor, significa falar dois idiomas como se fosse nativo em ambos ou com um nível igual de fluência. O principal componente de uma escola bilíngue é a presença forte da língua e da cultura estrangeira. Ou seja, corpo docente composto de cerca de 50% de estrangeiros nativos – requisito raramente atendido. Além disso, a escola bilíngue ideal seguirá o princípio conhecido como one-person-one-language. Ou seja, cada cuidador ou instrutor se comunicará com os aprendizes exclusivamente em sua língua materna.
METODOLOGIA
Quanto à metodologia usada no Brasil, esta sempre refletiu, com certo atraso,
as tendências de cada época, as quais podem ser resumidas a três movimentos importantes:
- Grammar-Translation: Desde o século 18 até meados deste século
(e até hoje na maioria das escolas de 2° grau) a metodologia predominante foi
sempre grammar-translation. Esta abordagem, calcada na ideia de que o aspecto
fundamental da língua é sua escrita, e de que esta é determinada por regras gramaticais,
teve sempre como objetivo principal acumular conhecimento a respeito da estruturação
gramatical da língua e de seu vocabulário, com a finalidade de se estudar sua literatura
e traduzir.
- Audiolingualism: O primeiro grande movimento em oposição
ao método tradicional de gramática e tradução ocorreu por volta dos anos 50,
quando o behaviorismo (Skinner) na área da psicologia e o estruturalismo (Saussure)
na área da linguística estavam na moda. Os linguistas de então passaram a valorizar
mais a língua falada. Sustentavam que o aprendizado de línguas estaria relacionado
a reflexos condicionados, e que a mecânica de imitar, repetir, memorizar e
exercitar palavras e frases seria instrumental para se alcançar habilidade
comunicativa.
Esta visão acabou dando origem aos métodos áudio-orais e audiovisuais,
baseados em automatismo e atrelados a planos didáticos rígidos na forma de
receitas prontas tipo Livro 1, Livro 2, etc. Tais métodos não dependem de
instrutores realmente proficientes na língua estrangeira, sendo fáceis de serem
montados e baratos de serem mantidos, sendo por esta razão até hoje bastante
populares em cursinhos de inglês no Brasil.
A partir dos anos 70 o audiolinguismo começa a cair em descrédito. Veja
o que Stephen Crain e Diane Lillo-Martin em An Introduction to Linguistic
Theory and Language Acquisition dizem sobre a metodologia audio-linguística:
Skinner thought that it would be possible to account
for verbal behavior using the tenets of Behaviorism. However, we have given
evidence that the Behaviorist theory is too simple to account for the complexities
of linguistic knowledge. There are additional reasons to abandon Behaviorism
as a theory of linguistic behavior. We will see in the next chapter that
several other aspects of verbal behavior fail to conform to fundamental laws
of conditioning discovered for some other animal and human behaviors. This
evidence also shows that a more powerful theory of language is needed. (43)
Com o declínio da metodologia audio-linguística, alguns cursos no Brasil retornaram
parcialmente ao método de tradução e gramática, acrescentando livros de exercícios
escritos a seus programas e prescrevendo tema de casa para os alunos.
- Natural or Communicative Approaches: A partir dos anos 70 e
80, surgem novas teorias nas áreas da linguística e da psicologia
educacional. Piaget e Vygotsky,
pais da psicologia cognitiva contemporânea, já haviam proposto que
conhecimento é construído em ambientes naturais de interação
social, estruturados culturalmente. Cada aluno constrói seu próprio
aprendizado num processo de dentro para fora baseado em experiências de
fundo psicológico.
Noam Chomsky revoluciona a linguística nos anos 60
afirmando que língua é uma habilidade criativa e não memorizada, e que não são
as regras da gramática que determinam o que é certo e errado, mas sim o desempenho
de um falante nativo que serve como modelo e determina o que é usual ou não-usual.
Mais recentemente as ideias de Chomsky passaram a inspirar a metodologia de ensino
de línguas na direção de uma abordagem humanística baseada em comunicação e
intermediação de um orientador carismático, e com participação ativa do aluno
construindo sua habilidade.
Em 1985 o norte-americano Stephen Krashen traz ao ensino
de línguas as teorias de Chomsky, Piaget e Vygotsky, e estabelece uma clara distinção
entre estudo formal e assimilação natural de idiomas, entre acumular conhecimento e
desenvolver habilidade, redefinindo a partir daí os rumos do ensino de línguas. Em seu
livro (Principles and Practice in Second Language Acquisition) Krashen define os
conceitos de language learning e language acquisition
e conclui que o ensino de línguas eficaz não é aquele que depende de receitas didáticas
em pacote, de prática oral repetitiva, ou que busca apoio de equipamentos e tecnologia,
mas sim aquele que explora a habilidade do instrutor em criar situações de comunicação
autêntica, naturalmente voltadas aos interesses e necessidades de cada grupo
e cada aluno, não necessariamente dentro de uma sala de aula, que enfatiza
o intercâmbio entre pessoas de diferentes culturas, e que dissocia as atividades
de ensino e aprendizado do plano técnico-didático, colocando-as
num plano pessoal-psicológico.
O ensino de inglês no Brasil, na rede de escolas de ensino médio,
de forma geral, ficou encalhado no método de tradução e gramática
do início do século, enquanto que os cursinhos particulares, na
sua maioria, ficaram encalhados no método audiolinguístico
dos anos 60. Isto porque a abordagem natural-comunicativa, hoje predominantemente
aceita, depende fundamentalmente do elemento humano qualificado e esbarra na dificuldade
de se obtê-lo no Brasil, evidenciando uma flagrante deficiência de
nossos cursos superiores na área de línguas. Depende também da presença do elemento nativo, mais difícil ainda de ser encontrado, devido às dificuldades burocráticas impostas pelo governo. Um ambiente de sala de aula voltada ao ensino de uma língua estrangeira, sem a presença de representantes autênticos dessa língua e de sua cultura, é um ambiente que não evidencia necessidade, não produz motivação e não estimula o aprendizado. Veja mais sobre a raíz
deste problema em A deficiência de nosso
sistema educacional e O que é um
bom instrutor. Conheça também a solução para
o problema em Rumos para o Ensino de Línguas
no Brasil.
Parte do texto acima foi extraído da página Retrospectiva
do aprendizado de línguas, onde você encontra mais informações.
Veja também A review of teaching methodology
e, para uma listagem de métodos com descrições mais completas,
leia: Richards, Jack C. and Theodore S. Rodgers. Approaches and Methods
in Language Teaching. Cambridge University Press, 2001.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #283: Meus parabéns pela excelente página.
Gostaria de esclarecer um item em relação ao uso do passive voice:
Quando perguntei a um americano, qual seria o passive da seguinte frase
no present perfect continuous:
-- Mike has been smoking lots of cigars, recebi como resposta:
-- Lots of cigars have been smoked by Mike.
Concordo que o uso do passive voice nesse caso é desnecessário
e até feio. Porém, entendo que, gramaticalmente correta estaria
a seguinte (e estranha) frase:
-- Lots of cigars have been being smoked by Mike.
Am I right?
Já agradecido, Yuri Rogatschenko Siqueira <yurisiqueira*usa.net>
Nov 28, 99
A: Prezado Yuri,
O exemplo acima de voz passiva que você construiu é ungrammatical;
não ocorre.
É importante entender que língua é anterior à
gramática. Língua é causa e gramática consequência,
e não o contrário. Portanto, você pode deduzir regras gramaticais
a partir do fenômeno existente, mas dificilmente fazer o contrário.
Uma regra que podemos deduzir aqui é de que não existe voz passiva
do perfect progressive.
Sua primeira iniciativa foi a correta. Você partiu de uma ideia
e perguntou a um nativo, modelo ideal de performance, como colocar essa ideia.
Este caso ajuda a explicar porque acquisition é mais eficaz
do que learning para se alcançar proficiência em línguas
(especialmente inglês). Veja mais sobre tudo isso em <Gramática:
prescritiva ou descritiva?> e <Language acquisition
x language learning>.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #282: The Task-Based Approach
Hello Ricardo,
My name is Vanessa Andreotti and I am a Brazilian EFL teacher. I've been teaching
English for 6 years at the Cultura Inglesa Curitiba. I'm currently doing a distance
MEd in Eduacational Technology and ELT at the University of Manchester - UK. I've
got an EFL site with ELT related links which is part of an EFL virtual Library
Project. It's still very small (I started it 2 months ago) and I'd like to add
a link to your site, as I found it really interesting specially the academic work
related to Krashen and Chomsky. If you think there's no problem, please let me
know. By the way, what's your opinion about the task-based approach? It seems
to me that it goes perfectly with what you think about inner motivation.
Best regards, "Vanessa Andreotti" <vanessa_andreotti*yahoo.com>
Nov 27, 99
A: Dear Vanessa,
Thank you for your interest in our work. We would be glad to be linked and
would like to know your site's address.
According to the information we have, task-based seems to refer more to classroom
learning and teaching activities than to a full approach based on clear language
and learning theories. The fact that it is learner-centered is a positive factor,
though.
If the approach does not neglect language acquisition, is not limited to a
classroom setting, and if we define task as an interactive activity that provides
comprehensible oral input of good quality, then it is very positive.
If possible, the task should be a real-world activity based on a real use
of the language in a given situation. Task-based activities would be a perfect
complement in a bicultural language acquisition environment.
Regards, Ricardo - EMB
Q #281: 's Genitive x of Genitive e adjetivação
de substantivos
Prezados Senhores,
Venho por meio desta, solicitar uma ajuda técnica para uma questão
de inglês que está tirando o meu filho do concurso do Instituto Militar
de Engenharia. Ele foi muito bem em Matemática, Física, Química,
História, Geografia e Português. O resultado foi conseguido com muito
esforço e dedicação por parte dele, dentro de um projeto
sério de estudo ao longo de dois anos. Uma das questões que ele
respondeu está em desacordo com o gabarito oficial, sendo que vários
livros indicam que a resposta dada também é correta. A comissão
do concurso não aceitou o pedido de revisão abaixo. Dessa forma,
venho encarecidamente perguntar aos senhores um parecer e mais instrumentos que
sustentem a argumentação. Seguem abaixo o enunciado da questão,
o gabarito oficial e a resposta marcada, onde a letra B também é
uma resposta possível de acordo com a argumentação baseada
nos livros referenciados:
The correct sentence is:
A) My father's friend called me yesterday. (Resposta fornecida pelo
gabarito oficial)
B) The table's leg is broken. (Resposta marcada pelo candidato)
A questão acima pede a sentença correta e não a mais
correta, possibilitando portanto a escolha da letra B como uma alternativa certa.
JUSTIFICATIVAS: A letra B utiliza o "genitive case" com o possuidor
sendo objeto. O livro "STUDENT'S GRAMMAR", de Dave Willis, University
of Birmingham, página 54, cita como válido o exemplo "I
like the car's design" (onde o objeto carro é o possuidor e o
artigo "the", associado a objetos, se faz presente, apresentando perfeita
similaridade com "the table's leg"). Além disso, no período
logo abaixo desta sentença exemplificada, o autor escreve que "esta
forma é mais usual para pessoas do que para coisas", não excluindo
portanto essa construção quando o possuidor é um objeto ou
coisa. Dessa maneira, a resposta correpondente à letra B da referida questão
também está correta.
O livro "GRAMMAR in use", de Raymond Murphy, Cambridge University
Press, página 150, cita como válido o exemplo "the book's
title", onde também o possuidor é um objeto. Antes de citar
tal exemplo o autor esclarece que "Sometimes you can use 's when the first
noun is a thing". Também pode ser observado que, o livro "Gramática
Prática da Língua Inglesa" de Nelson Torres, cita na página
42 (anexo 3) que "Permite-se personalizar planetas, estrelas, países,
oceanos, etc. Atualmente, a tendência é abranger mais e mais coisas,
até seres realmente inanimados e nada personalizáveis". São
citados a seguir exemplos do próprio livro: The moon's surface / The
sun's rays / The army's traditions.
A respeito das referências bibliográficas consultadas, cabe notar
que as gramáticas inglesas constituem documentos oriundos de renomadas
universidades, Birmingham e Cambridge, de reputação amplamente reconhecida
e plenamente capazes de emitir opiniões sobre a língua daquele país.
Adicionalmente, o terceiro livro citado é escrito por um brasileiro tradutor
e professor respeitadíssimo, elogiado por Belmiro Valverde Jobim Castor,
ex-Secretário de Educação do Paraná, conforme consta
na apresentação do livro.
Assim sendo, solicito ao prezado colega um parecer sobre a questão
acima, bem como referências bibliográficas com exemplo, tendo em
vista que o futuro de um adolescente, responsável e dedicado, depende deste
resultado.
Atenciosamente, Luís Carlos dos Santos <d4santos*epq.ime.eb.br>
Nov 25, 99
A: Prezado Luís Carlos,
Obrigado pela visita e pela confiança depositada em nossa opinião.
A questão de opção entre o 's genitive e o of genitive
é parcialmente ambígua em certos pontos, mas clara em outros. A opção entre um
e outro está relacionada a uma categorização de gênero dos substantivos. Esta
escala relaciona:
- personal names: George Washington's statue
personal nouns: the boy's shirt, somebody's fault
collective nouns: the government's conviction
higher animals: the horse's neck, the cat's dish
geographical names: China's development, Hollywood's
studios
locative nouns: the moon's surface, the hotel's entrance,
the school's history
temporal nouns: today's newspaper, last year's meeting
nouns of special interest to human activity: the brain's
function, the game's history, the car's performance, the book's importance, television's
future, the wine's character, science's influence on our society
para os quais a escolha recai preferencialmente sobre o 's genitive.
A uso do of genitive, por sua vez, recai sobre os substantivos
pertencentes a categorias inferiores: the hub of the wheel, the windows of
the house, the depth of the ditch
Existe uma considerável zona de ambiguidade no uso dos dois genitivos, fazendo
com que ambos sejam possíveis em determinados contextos. Mesmo quando isto ocorre,
entretanto, uma das formas sempre terá preferência aos ouvidos de um falante nativo,
por questões de eufonia, ritmo, ênfase, ou pela relação implícita entre os substantivos.
Outra alternativa muitas vezes preferida pelo falante nativo é a simples adjetivação
do substantivo. Veja mais sobre isso em <www.sk.com.br/sk-perg2.html#58>.
No caso da questão colocada por você, o nosso parecer é
de que a ocorrência de table's leg é improvável mas
não impossível. A ocorrência mais provável de um nativo
que se refere a uma perna de mesa quebrada seria: the table leg is broken.
Ou seja, a adjetivação do substantivo table. Portanto, a
questão formulada pelo Instituto Militar de Engenharia foi infeliz por
oferecer uma segunda opção não de todo impossível.
Na nossa opinião deveria ser anulada.
Referência bibliográfica: A Grammar of Contemporary English -
R. Quirk, S. Greenbaum, G. Leech and J. Svartvik - Longman 1985. Páginas
198 - 202.
Finalmente, resta lembrar que línguas não são ciências
exatas, para as quais possamos ter uma descrição única baseada
em lógica. Línguas são fenômenos que nem sempre abrigam
os conceitos de certo e errado, mas sim os conceitos de usual e não-usual.
Atenciosamente, Ricardo, Linda (Canadá), Teresa (EUA), Joy (EUA) -
EMB
Q #280: Dear teachers, I'd like to know more about
the TPR (Total Physical Response) methodology and techniques. Would you be kind
enough to send me information, sites or even schools that are adopting this ?
Thank you Newton Pfau Giraud <ngiraud*uol.com.br> Nov 18, 99
A: Dear Newton,
In the late seventies psychologist Asher, after observing that young children
acquiring their native language learn to respond first to commands, physically,
and after further observing that the child's listening comprehension is always
ahead of his speaking ability, decided to adapt these facts to the second language
teaching/learning situation. This resulted in a method whose basic three principles
are:
1) listening comprehension should be developed before speaking;
2) listening comprehension can best be developed through responses to physical
commands;
3) learners will spontaneously start speaking when ready.
The TPR can be considered a revival and extension of other earlier theories.
It has enjoyed some popularity because of its support by those who emphasize the
role of comprehension in second language acquisition. The real effectiveness of
TPR however is questionable. The syllabus is predominantly out of reality, and
of little usefulness. For many, TPR represents just a useful set of techniques
for beginning levels and serving as a complement for other classroom activities
inspired by other approaches to language teaching.
If you type TPR or Total Physical Response on AltaVista or Google, you'll
find many sites on the subject. Here is one: <http://www.tpr-world.com>.
You can also take a look in the following books:
- Hammerly, Hector. Synthesis in SL Teaching. Second
Language Publications, Blaine, Wash., 1982.
- Richards, Jack C. and Theodore S. Rodgers. Approaches
and Methods in Language Teaching. Cambridge University Press, 1986.
Regards, Ricardo - EMB
Q #279: Moro em SP, e estou muito interessado
na carreira de tradutor e intérprete no Brasil, mas tenho dúvidas
sobre o que seria melhor e mais eficiente como aprendizagem:
1) fazer faculdade de tradutor e intérprete em SP
2) juntar uma grana e ficar 1 ano e meio nos U.S.
Estou aguardando sugestões... Adorei a HP, a melhor do assunto na internet
.br Leonildo <imb*sti.com.br> Nov 17, 99
A: Prezado Leonildo,
Eu diria que ambos são importantes. Um lhe garante a necessária
competência na língua e na cultura, enquanto que o outro lhe desenvolve
qualificação acadêmica. O importante aqui é a ordem
dos fatores: o desenvolvimento pleno da qualificação acadêmica
depende de você já ter domínio sobre a língua, enquanto
que este não depende de nenhum conhecimento acadêmico. Ou seja, antes
de estudar a teoria do jogo de tênis, seria bom se você já
soubesse jogá-lo; ou antes de estudar a engenharia automotiva, seria bom
que soubesse dirigir. Portanto, antes de fazer faculdade, viaje. Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #278: Gostaria de saber de vocês, qual
a influência do ensino de leitura na aprendizagem de língua inglesa?
qual a melhor forma para este tipo ensino? Érica, estudante de Letras <rhe*zaz.com.br>
Nov 17, 99
A: Prezada Érica,
Familiaridade com a língua escrita é um complemento de fundamental
importância, que ajuda a desenvolver vocabulário, a estruturar as
ideias, e a redigir adequadamente. Contato com a língua escrita
entretanto não deve ocorrer de forma prematura, isto é, antes de
haver uma certa familiaridade com a língua falada. Principalmente no caso
do inglês, que é uma língua que se caracteriza por uma baixíssima
correlação entre pronúncia e ortografia, o contato prematuro,
antes do sistema fonológico ter sido parcialmente assimilado, vai causar
danos difíceis de serem revertidos. Este aliás é um dos erros
notórios no ensino de inglês que predomina no nosso segundo grau.
Veja Interlíngua e Fossilização.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #277: Olá, Meu nome é Jefferson e sou professor
de inglês, ou pelos menos tenho tentado. Fiquei muito feliz em poder encontrar
esse site. Tem tudo que um profissional de ensino de língua inglesa precisa.
Passei pelo menos 3 horas e meia lendo muitos artigos interessantes. Comecei a
falar inglês quando tinha 14 anos. Sou autodidata. Trabalho como EFL teacher
há apenas 4 anos. Comecei por acaso, mas logo me apaixonei por ensinar
inglês. Claro que me limito ao que já sei efetivamente. Levo a sério
a minha formação educacional e penso em estudar fora do país.
Talvez na Inglaterra. Possuo um nível de inglês equivalente ao CAE/CPE
(certificados que tenho) e CEELT II (obtido em julho passado). Gostaria de saber
de vocês quais os passos a seguir para que eu possa me tornar um profissional
qualificado em ensino de língua inglesa no Brasil. Vejo muitas escolas
em minha cidade, Ribeirão Preto - SP, aproveitarem as necessidades de língua
inglesa por parte dos alunos e fazerem um comércio barato, vulgarizando
o ensino de inglês. Obrigado pela ajuda através do site. "Jefferson
Coimbra" <jefferson.coimbra*zaz.com.br> Nov 17, 99
A: Prezado Jefferson,
Você já é mais qualificado do que muitos. Mas se quiser
melhorar, saiba que são três os aspectos que fazem um bom professor
de línguas: competência na língua e na cultura (isto é,
fluência, pronúncia, cultura global, etc.), qualificação
acadêmica (linguística, metodologia, psicologia do ensino, etc.),
e características de personalidade. Nos dois primeiros, você pode
atuar, e seus planos de estudar no exterior são a melhor maneira de desenvolvê-los
simultaneamente. Não deixe de ler O que é
um bom professor. Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #276: Prezado Ricardo, estive acessando seu
"site" a respeito de verbos irregulares em inglês, e acabei me
interessando por outros assuntos tratados, tal como facilidades do aprendizado
de uma segunda língua para crianças, adolescente e adultos. Estudei
inglês (somente em colégio) desde o 1o grau e parei de
estudar em 1980, tendo na época, 23 anos. No início de 98, resolvi
voltar ao estudo do inglês e matriculei-me na Cultura Inglesa, tendo feito
um teste de nivelamento e ter sido colocada no Nível 3/6 (Ensino Básico
e Intermediário). Hoje, estou terminando este Básico/Intermediário,
e sinto que aprendi muito, pois considero a Cultura um bom Curso e, também,
tenho me dedicado bastante, mas sinto que o "falar" ainda está
muito difícil. Demoro muito para formar as frases, tenho medo de estar
falando errado, às vezes, uso em excesso determinado tempo verbal, outras
vezes, evito de usar um outro tempo, por não saber exatamente se devo ou
não usá-lo. Estou com 42 anos, e modéstia à parte,
tenho tido o melhor aproveitamento da turma e levo o estudo uma coisa muito séria,
porque realmente estou muito interessada em aprender a língua. Somos 10
alunos numa faixa de idade que varia entre 15 anos e 55 anos, sendo que os mais
jovens têm mais facilidade em falar e os mais velhos em escrever, o que
é o meu caso. Estou tendo uma excelente formação gramatical,
o que me facilita muito na escrita, mas o meu vocabulário não é
muito rico, ainda, apesar de estar tentando ler bastante, entender músicas
(que acho muito difícil), ouvir fitas, etc. Estou pretendendo continuar
o curso, até o fim. Semestre que vem vou para o "Advanced" que
são mais 2 anos e depois vem o chamado "Diploma", mas, às
vezes, fico em dúvida, se, na minha idade, não seria melhor frequentar
um curso de conversação, a partir do próximo ano. Às
vezes, fico achando que nunca vou conseguir, devido à idade e não
tenho chances de sair do país para ter mais contato com a língua,
como vc sugere. Vc teria alguma outra sugestão para me dar? Agradeço
antecipadamente a sua atenção. Sandra <scoelho*furnas.com.br>
Nov 10, 99
A: Prezada Sandra,
A sua questão é a questão da grande maioria. O monolíngue
tem uma resistência natural para entender que conhecimento a respeito de
um idioma, de sua estrutura gramatical, etc, e habilidade funcional sobre o mesmo,
não são a mesma coisa. Na verdade são tão diferentes
que pouco interferem um no outro. A única transferência é
via única: se houver habilidade funcional, ou seja, uma familiaridade já
interiorizada, fica fácil de se entender a parte estrutural do idioma com
todas suas irregularidades. Já aquele conhecimento obtido através
de estudo formal e de esforço intelectual, sabe-se que não produz
habilidade oral. Portanto, o que você deve se questionar em primeiro lugar
é se deseja adquirir conhecimento sobre o inglês, ou se deseja adquirir
habilidade funcional, para poder digamos viajar, comprar, vender, se relacionar
com pessoas num âmbito global. Tendo claro seu objetivo, você poderá
avaliar se está no lugar certo ou não.
Não se preocupe com a idade - você está numa bela idade,
gostaria de conhecê-la. Aprendizado de línguas é um processo
invariavelmente lento e que requer perseverança. Leia <O
que é aprender inglês>, <Uma retrospectiva
sobre metodologia de ensino de línguas>, <Language
Learning x Language Acquisition> e <Como escolher
um programa de inglês>. Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #275: Prezado senhor! Sou leitora e consultora assídua
do "English Made in Brazil." Entretanto, não obtive sucesso na
minha última consulta. Estou certa que desta vez você responderão
ao meu pedido. Sabe-se que em inglês não há um pronome pessoal
neutro (com relação a sexo) para a terceira pessoa do singular e
que o pronome "they" é usado como substituto para pronomes indefinidos,
em detrimento da concordância. E.g. If anybody calls, tell them
I'm out, but take their names. Everybody believes in horoscopes, don't
they? Nobody phoned while I was out, didn't they? No ITA, foi
pedido a question tag da sentença: "Everybody knows it,______?
A resposta dada como certa foi: doesn't he? Consultei algumas gramáticas
e estas mencionavam que a tag seria: don't they? O "doesn't he?"
viria do inglês formal? Ou existe outra explicação? Contando
com seu esclarecimento, agradeço e despeço-me. Zilda. <czcoelho*sulminas.com.br>
Nov 10, 99
A: Prezada Zilda,
Obrigado pela visita e desculpe o fato de não podermos sempre responder
a todas as perguntas.
Com relação a sua pergunta, trata-se de uma questão controvertida,
já anteriormente discutida em nosso site, inclusive com a participação
de um linguista norte-americano. Veja <www.sk.com.br/sk-perg7.html#219>
e <www.sk.com.br/sk-cola.html#non-sexist>.
Após consultar as páginas acima, você verá que a questão
formulada pelo ITA foi no mínimo truculenta, para não dizer indevida.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #274: Inversão entre sujeito e verbo na presença de advérbios
Qual a regra quando eu uso um advérbio
negativo e tenho que fazer uma inversão, como na frase:
Hardly
ever will there be employees working here.
Não posso dizer simplesmente:
Hardly
ever there will be employees working here.
Thanks Caca <carlacarcelli*uol.com.br> Nov 9, 99.
A: Dear Caca,
Mais natural seria você dizer:
- There will hardly ever be employees working here.
Entretanto, se você quiser enfatizar este advérbio (que não
precisa ser de negação) colocando-o no início da frase, deverá
obrigatoriamente fazer a inversão entre o sujeito (there) e o verbo auxiliar
(be). Portanto, seu segundo exemplo seria pouco natural. Veja outros exemplos
mais comuns:
- Here's Cindy. (1)
Here comes the bus. (2)
There goes the train. (3)
Slowly out of its hangar rolled the gigantic aircraft. (4)
Esse tipo de inversão portanto é opcional, tem a função
de enfatizar o advérbio, e algumas ocorrências já fazem parte
da linguagem informal (1,2,3), enquanto que outras não (4), limitando-se
a linguagem mais formal.
A inversão também ocorre com verbos auxiliares:
She wanted to leave early and so did I.
He doesn't like to fly and neither do I.
She was angry and so was I.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #273: Qualificação x burocracia
Eu tenho dúvidas sobre os pré-requisitos para ensinar inglês
no Brasil. Eu tenho o curso de Pedagogia e Pós Graduação
em Educação Infantil. Estou estudando inglês nos Estados Unidos,
em Phoenix um ano e meio. Estou me preparando para um mestrado. O mestrado que
quero fazer é chamado: "Masters of Education Degree with a Concentration
in Bilingual or ESL Education". Eu vou fazer esse Mestrado na ASU. Gostaria
de saber se posso ensinar inglês no Brasil com essa qualificação.
Obrigada, Andrea <andrea.cardozo*bigfoot.com> Nov 6, 99
Prezada Andrea,
Quer trabalhar conosco?
Nem um mentecapto deixaria de contratar você. Agora, se você estiver
se referindo a eventuais entraves burocrático-legais, num país como o
nosso é bem possível que haja. Neste caso nada saberíamos
lhe informar, pois pouco nos interessamos por burocracia cartorial. Nossa opinião,
entretanto,
é que se você algum dia deixar de ser aceita em algum lugar por qualquer
detalhe burocrático, deve se dar por satisfeita, pois tal lugar certamente
teria sido uma fria. Afinal, quem é o rato para reconhecer a autoridade
do leão?
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #272: Mnemotécnica ou mnemônica
Senhor, preciso de sua ajuda com uma informação que para mim é muito importante.
Não sei se o senhor conhece a ..........., uma escola de inglês que utiliza um
método que eles chamam de anti-convencional. Suas aulas são baseadas na mnemotécnica
e eles garantem um inglês fluente ao final de 12 meses, desde que o aluno se comprometa
a fazer as atividades de casa por pelo menos 30 minutos diários. Gostaria de saber
se o senhor conhece o método, se conhece alguém que já fez o curso e pode comprovar
a sua eficácia, alguém, claro, que tenha se dedicado todos os dias como a escola
pede. Sua opinião será decisiva para mim pois estou com 27 anos, já tentei várias
vezes aprender o idioma mas sempre paro o curso antes mesmo de terminar o primeiro
estágio. Aguardo ansiosa a sua resposta.
"Roseli Guimarães Diniz" <rgdiniz*pib.com.br> Nov 3,
99.
A: Prezada Rose,
O surgimento da mnemônica na área do ensino de línguas
se deu como consequência dos métodos áudio-orais e áudio-visuais,
em voga nos anos 60. A linguística de então sustentava que
o aprendizado de línguas estaria relacionado a reflexos condicionados,
e que a mecânica de imitar, repetir, memorizar e exercitar palavras e frases
seria instrumental para se alcançar habilidade comunicativa.
Mnemônica é simplesmente uma técnica de memorização de informações através
da criação de ideias paralelas. No caso de línguas, o objetivo é armazenar palavras,
locuções e frases. Para facilitar a memorização, busca-se uma referência no nosso
cotidiano, no nosso universo de experiências. Ao invés de se alcançar uma verdadeira
familiarização, estabelece-se uma relação artificial entre a forma da língua estrangeira
que nos é estranha com algo que nos seja familiar.
Por exemplo: você é iniciante em inglês e tem dificuldade em diferenciar Tuesday
de Thursday; você se confunde e não consegue se lembrar qual é terça-feira e qual
é que se usa para quinta-feira. Então você observa que a pronúncia de Tuesday
lembra a palavra "tio", e os tios da gente são membros da família, pessoas importantes,
que para nós vêm em primeiro lugar, assim como terça vem antes de quinta.
A técnica da mnemônica independe de método ou escola e qualquer um pode se
habituar a usá-la como complemento no aprendizado de línguas.
Por outro lado, pesquisas sobre a fixação e a retenção das lembranças permitem
determinar que retemos bem aquelas experiências que nos concernem diretamente.
Ao contrário, nos esquecemos com facilidade o que é neutro, mal estruturado, pouco
significativo. Assim como a química é melhor aprendida em laboratório do que na
sala de aula, assim também as formas (palavras, expressões) da língua estrangeira
ficarão mais facilmente retidas na memória se aprendidas em situações reais de
comunicação, em vez de aprendidas num ambiente descontextualizado de uma sala
de aula ou através de artifícios como a mnemônica.
Portanto, sendo a mnemônica um exercício desligado de experiências autênticas
de convívio humano, eu diria que tem apenas utilidade complementar e limitada
no aprendizado de línguas.
O que hoje a experiência demonstra e a linguística aplicada preconiza predominantemente
é language acquisition. Um processo equivalente
ao de assimilação da língua materna pelas crianças. É reaprender a estruturar
o pensamento nas formas de uma nova língua a partir de experiências concretas.
Cada um desenvolve de acordo com seu próprio ritmo, num processo que produz habilidade
prática e não necessariamente conhecimento. É comportamento humano, fruto de convívio,
de situações reais de interação em ambientes da cultura estrangeira. De preferência
deve fazer parte da formação básica da pessoa, isto é, deve ser assimilado na
infância e na adolescência. Se tiver que ser aprendido posteriormente, ensino
e aprendizado, se é que assim podem ser chamados, devem ocorrer num plano pessoal-psicológico,
e não num plano técnico-didático.
Infelizmente não existe milagre, no que se refere a aprendizado de
línguas. O processo é lento, requer perseverança e o contraste
entre a facilidade com que algumas pessoas aprendem e a extrema dificuldade com
que outros se defrontam é grande. Veja o que
é talento.
A única utilidade da mnemônica é para desenvolver vocabulário.
Leia aqui sobre a importância do vocabulário
no desenvolvimento de habilidade com línguas estrangeiras.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #271: Prezados Senhores,
Esta home page foi me recomendada por amigos. Penso que esteja crescendo muito.
Faço votos. Gostaria de inquirir sobre qual é o melhor sistema de
avaliação de proficiência oral em idioma estrangeiro. Gostaria
de compartilhar algumas dúvidas sobre a "superioridade da criança"
sobre o adulto: Quais foram, ou são os critérios para tal assertiva?
O tempo de exposição foi levado em consideração? Há
tempos venho ouvindo sobre tal superioridade, mas não consigo obter as
fórmulas de avaliação para ter-se chegado a tais resultados.
Confesso que, na prática, tenho observado que os resultados não
são muito diferentes quando os fatores e elementos avaliadores são
iguais. Gostaria de maiores informações sobre os processos de avaliação
que levaram a esta conclusão.
Também gostaria de lançar um desafio a todos. Acredito sinceramente
que os fracassos relacionados à aquisição de uma língua
estrangeira, estão mais ligados à ineficiência metodológica
do que está disponível no mercado, do que a falta de capacitação
de professores (de outra forma crianças nativas não falariam o idioma
- pois nunca receberam treinamento formal de ensino), assim penso que seria muito
interessante aos pesquisadores desenvolverem metodologia realmente eficaz.
Atenciosamente, "Marcos Liberato Shibuta" <realtime*convoy.com.br>
Oct 20, 99
A: Prezado Marcos,
Um bom método de avaliação de proficiência em língua
estrangeira deve colocar ênfase em habilidade comunicativa, principalmente
oral, e deve avaliar também competência cultural. Desta forma, torna-se
muito difícil fugir da subjetividade.
A habilidade superior da criança sobre o adulto está relacionada
aos conceitos de language learning e language
acquisition. Enquanto que adultos têm uma capacidade indiscutivelmente
superior a crianças para adquirir conhecimento (language learning),
crianças exibem uma evidente facilidade maior para assimilar idiomas (language
acquisition). Sendo que proficiência (habilidade funcional) no idioma
estrangeiro depende mais de acquisition do que de learning, estaria
explicada a notória vantagem das crianças. Eu diria que esta superioridade
das crianças em language acquisition é um fato que está
mais para axioma do que para hipótese. São muitos os autores que
a esse fato se referem. Da nossa modesta biblioteca posso citar 3:
- Brown, H. Douglas. Principles of Language Learning
and Teaching. Prentice Hall, 1993 - página 56.
- Fromkin, Victoria and Robert Rodman. An Introduction
to Language. Harcourt Brace, 1974 - página 422.
- Hammerly, Hector. Synthesis in SL Teaching. Second
Language Publications, 1982 - páginas 104, 105.
Suas observações na prática possivelmente são
de iniciativas que submetem adultos e crianças a uma metodologia semelhante,
provavelmente voltada a language learning, portanto deixando de explorar o aspecto
em que a superioridade das crianças é notória. É possível
também que o critério de avaliação esteja orientado
a avaliar conhecimento em detrimento de habilidade.
Veja mais aqui sobre aprendizado de crianças.
A ineficiência no ensino de línguas a que você se refere
é o que temos denunciado em nosso site. O ensino de línguas no Brasil
ou está atolado numa tendência do início do século
a literatura e gramática, ou está subjugado ao interesse comercial
em detrimento do conhecimento científico, mais motivado pela lucratividade
do que pela vocação acadêmica, e impulsionado por vultosas
verbas publicitárias que projetam marcas em detrimento da identidade e
qualificação pessoal de quem ensina.
Veja mais aqui sobre como avaliar programas de inglês.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #270: OLÁ... ADOREI SUA HP.. mas tenho
uma dúvida e preciso de alguns conselhos... Tenho 16 anos e estou no 2°
Colegial... próximo ano eu vou fazer um intercâmbio cultural de 1
ano, vou com o AYUSA, como vou no meio do ano, lá pra agosto/setembro eu
gostaria de saber se há como eu terminar o 3° Colegial em 6 meses,
ou vou ter que "perder" praticamente 2 anos?? Quando eu for para lá
o que eu irei aprender de Matemática, Geografia, etc...?? ou seja, qual
será minha matéria?? O AYUSA é realmente bom?? Por favor
responda essas minhas perguntas o mais breve possível pra eu ir me preparando,
e desculpe se deixei alguma dúvida no ar... mande me um e-mail por favor...
Muito obrigado e até mais!
"Danilo James de Souza" <djames*zip.net> Oct 19, 99
A: Prezado Danilo,
Você não precisa perder se não quiser. As escolas e as
secretarias de educação normalmente aceitam os transcripts
das escolas do exterior. Talvez venha a ser exigida uma tradução
por tradutor juramentado, coisas da burocracia que não entende inglês.
Entretanto, você talvez não devesse se preocupar tanto com o tempo
mas sim em adquirir todo conhecimento que um 3° colegial aqui tem para oferecer.
Afinal, a carreira acadêmica de uma pessoa não é uma corrida
para ver quem termina antes. Os conteúdos da escola de lá naturalmente
não serão os mesmos da escola daqui. Sua experiência no exterior
não será uma continuidade da sua carreira estudantil daqui. Será
muito mais do que isso. Representará na verdade um rompimento total de
sua rotina atual. Será um período de enriquecimento cultural e desenvolvimento
de sua habilidade com a língua estrangeira, representando uma oportunidade
de crescimento inigualável. Portanto, você deve pensar bem se, após
seu retorno, não vale a pena continuar seus estudos aqui a partir do ponto
onde você parou. Leia mais sobre intercâmbios
aqui.
Sobre a AYUSA, um de nossos patrocinadores já foi representante deles
aqui para o sul do Brasil, mas largaram a representação devido à
difícil comunicação com eles e à excessiva burocracia
exigida. Você entretanto não precisa se preocupar. O êxito
de um programa desses pouco depende da organização que intermedia,
mas sim de sorte em cair numa família realmente acolhedora e de sua própria
habilidade em aceitar a cultura estrangeira, a ela se adaptar e se relacionar
com as pessoas. Atente para o preço que estão lhe cobrando. O programa
da AYUSA é em escolas da rede pública e custa US$2500 por 1 semestre
e 3.500 por 2 semestres, incluindo o seguro saúde. Além disso, naturalmente,
tem a comissão do agente no Brasil. Boa sorte.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #269: Olá, Gostaria de saber qual é
o uso correto: You and I ou you and me. Para perguntas do tipo "quem
vai jogar primeiro?" ou who`s gonna play first? se a resposta correta
é "i" ou "me". Sandra L. Mazzeo - wic
idiomas & informática <wic*kyotec.com.br> Oct 12, 1999
A: Prezada Sandra,
You and I ou you and me depende da função
dos pronomes. Dentro de uma visão gramatical prescritiva, se o pronome
funcionar como sujeito, I, you, he, she, we, they são as formas
corretas, embora seja comum a ocorrência da outra forma (me, you, him,
her, us, them) em linguagem informal no falar de nativos. Por outro lado,
se o pronome funcionar como objeto, me, you, him, her, us, them são
as formas gramaticalmente corretas, embora haja também a ocorrência
(hypercorrect) da outra forma, (I, you, he, she, we, they).
- Ex: GRAMATICALMENTE
CORRETO ACEITÁVEL
EM LINGUAGEM INFORMAL
- SUBJECT PRONOUN: Who is going? I (am going) Who
is going? Me
- SUBJECT PRONOUN: Who plays first? George and I (play)
Who
plays first? George and me
- OBJECT PRONOUN: Who did he invite? (He invited)
George and me
Atenciosamente, Ricardo, Linda & Joy - EMB
Q #268: Caro EMB,
Há pouco mais de um ano atrás, quando descobri este interessante
site, observei que vocês não são muito favoráveis a
franquias, e naquela época eu havia recém começado um curso
de inglês, o qual infelizmente era uma franquia, decorreram alguns meses
e tudo o que vocês alertam realmente ocorreu, são ótimos sistema
de cobrança, porém a questão cultural fica a desejar. Acabei
me desligando do curso. Quando procurei uma nova entidade, tive cuidado para não
incorrer no mesmo erro, porém, a escola tem um método de ensino
rápido, inglês em 12 meses. Basicamente cada sala comporta no máximo
5 alunos, o material didático compõem-se de 3 livros (com 10 lições
cada) e 3 CD's. A duração de cada aula é 1 h/semanal e após
a 15a lição uma aula normal
mais 2h de complementação com vídeos ou fitas com nativos
além de conversação. Que nível um estudante pode conseguir
estudando nesse método? Vocês aprovam esse tipo de ensino? A propósito
parabéns pelo excelente site, vocês são "feras"
mesmo! Um grande abraço. ANDERSON ESQUIVEL DO AMARAL <ESQUIVEL*correios.com.br>
Oct 6, 99
A: Prezado Anderson,
Em primeiro lugar, em se tratando de aprendizado de línguas, não
é a escola nem o método usado que determinam o tempo necessário
para se atingir uma determinada meta. Cada pessoa tem o seu próprio ritmo
e seu próprio teto, e precisará de um determinado tempo para atingir
um determinado nível de proficiência. Veja O
que É Talento.
Em segundo lugar, um trabalho personalizado, improvisado, feito sob medida,
voltado aos interesses e necessidades de cada aluno e de cada grupo é sempre
superior a um pacote didático predeterminado como o que você menciona
acima.
A limitação dos grupos a cinco participantes é um aspecto
definitivamente positivo. Entretanto, o programa faz uma detalhada descrição
do material e do plano de aulas, mas não há menção
ao aspecto mais importante de todos: o instrutor. Isto é como falar das
chuteiras e do horário do jogo, sem mencionar o nome do jogador. Veja Como
Escolher um Programa de Inglês.
Atenciosamente, Ricardo - EMB
Q #267: Lendo sobre Language Acquisition and Language
Learning me surgiu uma dúvida: Se o melhor modo de se aprender qualquer
idioma é Acquisition onde o Learning entre nessa história? "Marcos
Paulo Arezo Silva" <arezo*zipmail.com.br> Oct 6, 99
- A: Prezado Marcos,
- O norte-americano Stephen Krashen foi o primeiro linguista a definir
claramente os conceitos e os papéis de acquisition e learning,
trazendo o construtivismo ao ensino de línguas estrangeiras.
- De acordo com sua teoria, acquisition é responsável
pelo entendimento e pela capacidade de comunicação criativa: habilidades
desenvolvidas subconscientemente, fruto da interação com o ambiente.
Isto ocorre através da familiarização com a característica
fonética da língua, sua estruturação de frases, seu
vocabulário, tudo decorrente de situações reais de convívio,
bem como pela assimilação das diferenças culturais e adaptação
à nova cultura.
- Learning depende de esforço intelectual e procura produzir conhecimento
consciente a respeito da estrutura da língua e de suas irregularidades, e preconiza
a memorização de vocabulário fora de situações reais. Este conhecimento serve
para ativar uma função de monitoramento da fala. Entretanto, o efeito deste monitoramento
sobre a performance da pessoa, depende muito de cada um.
- Pessoas que tendem à introversão, à falta de
autoconfiança, ou ao perfeccionismo, pouco se beneficiarão de um
conhecimento da estrutura da língua e de todas suas irregularidades. Pelo
contrário, no caso de línguas com alto grau de irregularidade (como
o inglês), poderão até desenvolver um bloqueio que compromete
a espontaneidade devido à consciência da alta probabilidade de cometerem
erros.
- Pessoas que tendem à extroversão, a falar muito, de
forma espontânea e impensada, também pouco se beneficiarão
de learning, uma vez que a função de monitoramento é quase
inoperante, está submetida a uma personalidade intempestiva que se manifesta
sem maior cautela. Os únicos que se beneficiam the learning, são
as pessoas mais normais e equilibradas. Mesmo assim, o monitoramento só
funcionará se ocorrerem 3 condições simultaneamente:
- Tempo suficiente: que a pessoa disponha de tempo suficiente para
avaliar as alternativas com base nas regras incidentes.
- Preocupação com a forma: que a pessoa concentre atenção
não apenas no ato da comunicação, no conteúdo da mensagem,
mas também e principalmente na forma.
- Existência e conhecimento da regra: que haja uma regra que
se aplique ao caso e que a pessoa tenha conhecimento dessa regra.
Cursos de memorização que dizem ensinar um idioma em poucas
semanas através de aprendizagem acelerada, PNL, músicas barrocas
(que despertam o lado direito do cérebro) são realmente eficazes?
- Você pode acreditar nisso como acreditaria no baú da felicidade
ou no elixir de longa vida.
E esses métodos que utilizam mais learning que acquisition, pois ensinam
a memorizar listas com mais de mil palavras em inglês e seus respectivos
significados. O que você acha deles? O que você acha a respeito do
aprendizado através do esforço intelectual?
- Como demonstrado acima e de acordo com a teoria de Krashen, de eficácia
extremamente limitada.
- Sobre a importância do vocabulário no desenvolvimento de habilidade
com línguas estrangeiras, veja O
que é "saber" vocabulário?
- Atenciosamente, Ricardo - EMB
PERGUNTAS & RESPOSTAS:
ÍNDICE
JULHO 2005 - DEZEMBRO 2006 | JANEIRO - JUNHO 2005
JULHO - DEZEMBRO 2004 | JANEIRO - JUNHO 2004
JULHO - DEZEMBRO 2003 | ABRIL - JUNHO 2003
JANEIRO - MARÇO 2003 | OUTUBRO - DEZEMBRO 2002
JULHO - SETEMBRO 2002 | ABRIL - JUNHO 2002
JANEIRO - MARÇO 2002 | OUTUBRO - DEZEMBRO 2001
JULHO - SETEMBRO 2001 | ABRIL
- JUNHO 2001
JANEIRO - MARÇO 2001 | OUTUBRO
- DEZEMBRO 2000
JULHO - SETEMBRO 2000 | ABRIL
- JUNHO 2000
JANEIRO - MARÇO 2000 | OUTUBRO
- DEZEMBRO 99
JULHO - SETEMBRO 99 | ABRIL - JUNHO
99
JANEIRO - MARÇO 99 | OUTUBRO - DEZEMBRO 98
JULHO - SETEMBRO 98 | JANEIRO - JUNHO 98
MARÇO - DEZEMBRO 97 | SETEMBRO 96 - MARÇO
97
Mande suas consultas para um dos endereços abaixo
e nós responderemos com a maior brevidade possível. As perguntas
interessantes, juntamente com as respostas, serão publicadas com
o nome do autor.
Menu
Principal | Mensagens
Recebidas do Público
Nossa
Missão | Nossa
Equipe | Patrocinadores