Página inicial


O papel dos pais

Ricardo E. Schütz
Primeira publicação em 2001
Última atualização em 21 dezembro de 2019

Learning a foreign language at a very young age can clearly benefit children's reading abilities later and hopefully parents and educators can help to provide the resources for this to happen.

As English becomes the chief means of communication between nations, it is crucial to ensure that it is taught accurately and efficiently, ...

Em primeiro lugar, precisamos entender exatamente o que significa "aprender inglês", para podermos entender a distinção entre acquisition e learning, conforme a respeitada teoria sobre aprendizado de línguas estrangeiras de Stephen Krashen.

Krashen sustenta que language acquisition explica não só o desenvolvimento da língua materna, mas também a assimilação de línguas subsequentes, sendo mais importante do que language learning para a assimilação da língua estrangeira, não só para crianças, mas também para adultos.

Portanto, o que a linguística aplicada moderna preconiza (especialmente para crianças) é acquisition. E para que acquisition ocorra, é preciso que a criança ou o jovem esteja situado em um autêntico ambiente de convívio na língua e na cultura estrangeira. Um ambiente desses, entretanto, dificilmente pode ser criado artificialmente. O elemento fundamental desse ambiente são as pessoas que o compõe.

Se os pais, por exemplo, falarem o idioma estrangeiro com um nível de proficiência equivalente ao da língua materna, e tiverem o hábito de usá-lo no dia-a-dia, irão naturalmente transmiti-lo para a criança no convívio familiar. Entretanto, pais que falam o idioma estrangeiro, porém não habitualmente e não com a naturalidade com que falam a língua materna, não devem iludir-se com a possibilidade de ensiná-lo a seus filhos, uma vez que ambientes de language acquisition são dificilmente criados artificialmente. A língua usada é parte importante do relacionamento entre duas pessoas. A intimidade de um ambiente familiar tem uma identidade única, tornando-se difícil criar ambientes múltiplos, caracterizados por diferentes línguas. A língua que a família usa é a primeira língua que a criançaa assimilará. Para assimilar outras línguas, a criança terá que frequentar outros ambientes, convivendo com outras pessoas, falantes de outra língua, matendo-se sempre o princípio de one-person-one-language.

Se o ambiente familiar não oferecer language acquisition, pode-se buscá-lo em outros ambientes (escolas de línguas), nos quais o papel do facilitador é fundamental.

Embora salas de aula não sejam o ambiente ideal para assimilação de línguas estrangeiras, é possível criar-se um ambiente de acquisition em sala de aula. Para isso, o professor deve funcionar como facilitador, preenchendo dois requisitos básicos: domínio sobre o idioma (inclusive competência cultural) em nível de língua mãe e habilidade pessoal para saber explorar os aspectos psicológicos e afetivos do aprendizado de línguas da criança. Se o facilitador falar inglês com sotaque e com outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo, a criança os assimilará, e talvez para sempre.

Os ambientes ideais de language acquisition podem ser classificados em ordem de preferência:

É altamente desejável também que tais centros de convivência contem com a participação de estrangeiros nativos de idade semelhante à dos alunos.

Portanto, os pais monolíngues devem cuidar para não caírem no erro elementar de acreditar que para se falar uma língua estrangeira é necessário memorizar vocabulário e adquirir conhecimento a respeito da língua, de forma estruturada, e que esse conhecimento seus filhos devem adquirir através de esforço, e que esse esforço deve ser incentivado, quando não imposto e cobrado.

Os pais que falam inglês (bem) podem ajudar criando rotineiramente momentos de interação em inglês entre si, despertando assim a curiosodade, a consciência e o interesse da criança. O papel dos pais também é importante no desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança da criança com relação a seu desenvolvimento na língua estrangeira.

Finalmente, os pais devem saber encontrar um ambiente de convívio que proporcione language acquisition para seus filhos. Aqui cabem dois alertas:

Primeiro: É grande a responsabilidade ao se colocar crianças que ainda não atingiram a idade crítica (e mesmo depois), em clubes, cursinhos ou escolinhas que oferecem cursos de inglês atrelados a planos didáticos (ênfase em learning), geralmente com instrutores de proficiência limitada. Sotaque, pobreza idiomática, limitações de vocabulário, ausência de elementos culturais e outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo serão transferidos à criança, causando a internalização dos mesmos e podendo se transformar em danos irreversíveis. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz. Esta é uma área de atividade muito vulnerável a um comércio inescrupuloso e amador que facilmente e frequentemente explora a boa-fé daqueles que buscam o melhor para seus filhos sem poupar esforços.

Segundo: Uma vez que o momento e a forma ideal de se alcançar proficiência em línguas estrangeiras é a idade escolar, e sendo bilinguismo uma qualificação básica do indivíduo na sociedade moderna, compete às escolas primária e secundária proporcionar ambientes de language acquisition - e já! Os pais devem começar a se conscientizar disso e exigi-lo, principalmente daquelas escolas particulares cujos resultados financeiros não justificam nenhuma postergação.


O SURGIMENTO DE ESCOLAS BILÍNGUES
Crônica: MONOLINGUISMO: O ANALFABETISMO MODERNO
A IDADE E O APRENDIZADO DE LÍNGUAS (POR QUE CRIANÇAS APRENDEM MELHOR?)
A OBRIGAÇÃO DA ESCOLA    --   O PAPEL DO GOVERNO
O APRENDIZADO DE LÍNGUAS AO LONGO DE UM SÉCULO
JOSÉ CARLOS E O ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL
A DEFICIÊNCIA DO NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL
COMO ESCOLHER UM CURSO DE INGLÊS

COMO FAZER UMA CITAÇÃO DESTA PÁGINA:
Schütz, Ricardo E. "O Papel dos Pais" English Made in Brazil <https://www.sk.com.br/sk-pais.html>. Acessado em (data do acesso).