ENGLISH IN WRITING
COMO REDIGIR CORRETAMENTE EM INGLÊS
Ricardo E. Schütz
Atualizado em 20 de dezembro de 2017INTRODUÇÃO
In Portuguese, if the reader does not understand what he reads, he may think he is not intelligent or knowledgeable enough to understand the writer, while in English most likely the writer is the one who takes the blame.
Enrolar, enfeitar a jogada, encher linguiça, são expressões populares usadas para referir-se ao hábito do uso da retórica na linguagem. Esta tendência, frequentemente observada em português, é um vício remanescente de séculos passados, quando a linguagem escrita era uma arte dominada por poucos e a sua função era predominantemente literária. Retórica era sinal de erudição, e por vezes a forma chegava a se impor sobre o conteúdo.
Nos tempos modernos, entretanto, com a internacionalização do mundo e com o crescente desenvolvimento da tecnologia de comunicação, a funcionalidade dos idiomas como meios de comunicação clara e objetiva se impõe a tudo mais, fato este reconhecido também pelos mais respeitados representantes da língua portuguesa:
"A diferença entre o escritor e o escrevedor está sobretudo na economia vocabular. Conseguir o máximo com o mínimo - eis um sábio programa." (Celso Pedro Luft)
Especialmente no caso do inglês, hoje adotado como língua internacional, esta tendência é marcante. O inglês moderno na sua forma escrita não tolera retórica. No comércio internacional, na imprensa escrita, e nos meios acadêmicos exige-se cada vez mais clareza. Frases longas, adjetivação excessiva, tom vago, textos que exigem maior esforço para serem compreendidos, falta de concisão, todas estas características facilmente são consideradas pobreza de estilo. A beleza do inglês moderno está na substância, na simplicidade, na clareza, na riqueza de detalhes e na integridade lógica.
Em paralelo a isso, a redação e editoração de textos via computadores está criando uma tendência à padronização do inglês na sua forma escrita. Pelo fato de ter sido um país de língua inglesa (EUA) o berço da informática, os softwares hoje existentes para processamento ou edição de textos oferecem recursos avançados para verificação gramatical de textos em inglês. Estes "grammar checkers" seguem todos os mesmos preceitos básicos, influindo de forma semelhante sobre quem redige, e conduzindo lenta e gradativamente a uma maior padronização na forma de escrever.
Por tudo isso pode-se dizer que redigir bem em inglês é mais fácil do que se imagina. A primeira condição, que apesar de elementar, nem sempre é observada, é de que o texto seja sempre criado a partir de uma ideia. Em qualquer língua, texto escrito deve ser sempre o reflexo de uma ideia, que por sua vez origina-se em fatos do universo. A ideia é sempre anterior ao texto. Se a ideia não for clara, o texto também não o será. Por isso, antes de começar a digitar, devemos refletir sobre o que exatamente queremos escrever, sobre a ideia que queremos transmitir. Devemos nos colocar no lugar de quem vai ler e das possíveis dúvidas que o leitor terá para podermos organizar o texto com todos os elementos necessários e devidamente ordenados. Isso vale não só para línguas estrangeiras, mas também para a língua materna.
Outra condição para redigir em inglês é domínio sobre o idioma falado. A expressão comumente ouvida: "essa frase não me soa bem" ilustra a importância da oralidade. Ou seja, não é o conhecimento gramatical, mas sim a familiaridade com a língua falada que nos permite discernir o certo do errado e o bom estilo do estilo pobre.
Outro fator que indubitavelmente influi positivamente na habilidade de redigir em inglês é a prática da leitura. Aquele que tem por hábito ler muito, inclusive obras literárias, certamente desenvolverá familiaridade com bons estilos de redação.
É por todas essas razões que traduções ou versões a partir de um texto em português, feitas com a ajuda de dicionário, normalmente produzem resultados desastrosos. A não ser quando se trata de documentos, e com ressalvas, não deveria existir o que chamam de tradução literal. Todo texto precisa ser interpretado, isto é: a ideia precisa ser entendida e então recriada, e diferenças culturais explicadas sob a nova ótica.
ORIGENS DAS DIFERENÇAS
Há quem diga que esta tendência no português de se ser vago, de se valorizar uma linguagem afastada dos fatos e maquiada pelas formas, é um hábito originado nos anos de regime militar, quando jornalistas tinham que informar mas tinham receio de se comprometer. A "liberdade vigiada" daqueles anos de regime de exceção exigia um subterfúgio, uma linguagem não-explícita, cuja mensagem ficasse por conta da capacidade de imaginação do leitor.
Já outros acreditam serem as raízes mais profundas. Evocam o período colonial do Brasil, quando o trabalho era responsabilidade da mão-de-obra escrava, e a classe letrada dedicava muito tempo burilando textos que valorizavam a estética e o subjetivismo, num mundo que ainda se comunicava muito através da literatura.
Outros vão mais longe ainda. Afirmam que, há mais de 20 séculos, diferenças sociais e culturais já marcavam contrastes. Enquanto o Império Romano da língua latina mantinha seu apogeu pela força militar, permitindo a existência de classes eruditas que podiam se dedicar às artes e às letras, quando meio século antes de Cristo o orador Cícero já se dedicava à crítica literária e ao estudo de retórica e o poeta Virgílio destilava seu lirismo profetizando com eloquência o destino de Roma no mundo; àquela época os povos bárbaros de línguas germânicas encontravam-se ou guerreando ou trabalhando para sobreviver e pagar impostos ao Império, sem tempo para as artes, e usando uma linguagem de comunicação curta e objetiva, sintonizada em fatos concretos e nos afazeres de seu dia-a-dia.
Sejam quais forem as origens, o fato é que hoje, em pleno alvorecer da era da informação, num mundo que se transforma numa comunidade cada vez mais interdependente e que se comunica cada vez mais, diferenças idiomáticas representam um empecilho para ambos os lados. Nunca o mundo se comunicou tanto, nunca o tempo foi tão curto para tanta informação, e portanto nunca a objetividade na linguagem foi tão necessária.
1. Organize suas ideias em itens, faça um outline.
Itemizar os pontos importantes da ideia possibilita disciplinar seu pensamento, estabelecendo uma sequência lógica entre os elementos da ideia. Possibilita também relacionar todos os pontos importantes e estabelecer uma hierarquia de importância entre eles. Um outline ou esboço normalmente contém uma introdução, desenvolvimento da ideia com discussão de todos os elementos, e conclusão.
2. Certifique-se de que cada oração tenha um sujeito e que o sujeito esteja antes do verbo.
Em português frequentemente as frases não têm sujeito. Sujeito oculto, indeterminado, inexistente, são figuras gramaticais que no português explicam a ausência do sujeito. Isto no inglês entretanto não existe. A não ser pelo modo imperativo, toda frase em inglês normalmente tem sujeito. Na falta de um sujeito específico, muitas vezes o pronome IT deve ser usado. Além disso, em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase. Em inglês ele deve estar sempre antes do verbo (a não ser no caso de frases interrogativas), e de preferência no início da frase. Observe os seguintes exemplos:
Está chovendo. (sujeito inexistente)
Ontem caiu um avião. Esses dias apareceu lá na companhia um vendedor. Acaba de fracassar uma estratégia publicitária das mais criativas. |
It's raining.
An airplane crashed yesterday. A salesman came to the office the other day. One of the most creative publicity strategies has just failed. |
Ao formar uma frase, o aluno deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no sujeito, depois no verbo. O pensamento em inglês estrutura-se, por assim dizer, a partir do sujeito. A ordem natural e até certo ponto rígida dos elementos da oração em inglês é: Sujeito - Verbo - Complemento. Comparando o ato de escrever com a montagem de uma peça teatral, poderíamos dizer que no português há uma tendência a se montar o cenário para então colocar-se o ator principal em cena. No inglês, a ordem normal seria inversa: primeiro coloca-se o personagem principal (sujeito e verbo) para então completar com a montagem do cenário (objetos, adjuntos adverbiais e adnominais e orações subordinadas).
3. Use frases curtas.
A ideia a ser comunicada deve ser dividida em partes na medida do possível. Uma frase excessivamente longa, além de aumentar as chances de erro, é sempre mais difícil de ser lida e entendida do que uma série de frases curtas. A tendência de se usar frases longas é comum no português. No inglês este fenômeno é chamado de run-on sentence. Textos em inglês normalmente contêm mais pontos finais e menos vírgulas do que em português. Exemplo:
Frases inadequadas: |
Formas mais adequadas: |
4. Seja breve e evite o uso de palavras desnecessárias.
Tanto no inglês como no português existem certas palavras que devido à forma abusiva com que são usadas, deixaram de carregar qualquer significado. Tornaram-se modismos que servem apenas para conferir um falso tom de intelectualidade e confundir. Exemplo disso no português são as expressões realmente, evidentemente, efetivamente, a rigor, em termos de, etc. No inglês temos expressões como: absolutely, as a matter of fact, actually, really, it seems to me, you know, etc., as quais pouco ou nada acrescentam à mensagem. Observe o seguinte exemplo:
Impróprio: |
Correto: |
Este princípio de economia em relação ao uso de palavras aplica-se também ao uso de formas desnecessariamente complexas. Exemplos:
Complexo: The multiplicity of functionality is really advantageous to the overall marketability of the product. |
Correto: The many functions of the product will help its sales. |
Também em português:
Obscuro: |
Correto: |
Veja mais sobre vícios de redação em português e como traduzi-los em Contrastes de Redação.
5. Seja objetivo; apresente fatos em vez de opinões.
Em qualquer idioma fatos sempre informam mais do que opiniões subjetivas. O texto deve se limitar o mais possível a fatos, ficando a conclusão reservada para o leitor. Não imponha ao leitor o seu julgamento; permita-lhe formar o seu próprio. É sempre desejável ser o mais claro e específico possível, substituindo palavras de mero efeito ou de significado vago, pela respectiva explicação. Exemplo:
Subjetivismo vago: The speaker was fascinating to the audience. There is evidence that UFOs may actually exist. Our language teachers are highly qualified. |
Correto: The speaker presented his topic well, and the audience enjoyed his analogies from daily life. Several photographs, video tapes and testimonies show that UFOs may actually exist. Our language teachers are native speakers with college education. |
6. Cuidado com o uso de voz passiva.
Voz passiva consiste em trocar o sujeito e o objeto direto de posição. O objeto assume a posição do sujeito, mas permanece inativo, isto é, passivo. Passa a ser um sujeito que não é autor de ação nenhuma. O verdadeiro sujeito, por outro lado, assume o papel de agente da passiva, sendo que neste papel deixa de ser essencial à oração, ficando frequentemente omitido. Exemplos:
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No português, o uso da voz passiva é extremamente comum e apropriado ao idioma. O tom vago de uma voz passiva sem agente, assim como um sujeito indeterminado, são características típicas do português. No inglês moderno, por outro lado, a voz passiva chega a ser quase proibitiva porque destoa em relação à necessidade de clareza e de presença de fatos, limitando-se seu uso a casos em que o agente da passiva é desconhecido, irrelevante ou subentendido. Ocorre também com alguma frequência em trabalhos científicos. Exemplos:
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7. Mantenha uma conexão lógica entre as frases fazendo uso correto de Words of Transition.
Words of transition ou Words of connection são conjunções, advérbios, preposições, etc., que servem para estabelecer uma relação lógica entre frases e ideias. O uso correto destas palavras de conexão confere elegância ao texto e, mais importante, solidez ao argumento. Exemplos:
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Para uma lista completa de words of transition ou words of connection, clique aqui.
BIBLIOGRAFIA
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